Desde agosto de 2021, o WhatsApp está instalado em 99% dos smartphones brasileiros e possui 147 milhões de usuários ativos. O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial do uso do aplicativo, ficando atrás apenas da Índia. O WhatsApp tornou-se o principal meio de comunicação digital brasileiro e alcança pessoas de todas as faixas etárias e perfis socioeconômicos, segundo a pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box deste ano. Ele não está presente apenas em conversas entre amigos e familiares, mas também é usado por empresas e organizações que querem se aproximar do público. Os dados do estudo mostram que cada vez mais o aplicativo se consolida como um canal que conecta marcas aos consumidores: 80% dos usuários do WhatsApp costumam conversar com empresas para tirar dúvidas/receber informações (83%) e receber suporte técnico (75%).
Os números mostram que o WhatsApp possui um grande potencial para gerar bons resultados em vários segmentos, incluindo na captação de recursos de entidades sociais. De acordo com Marina Cusnir, estrategista de marketing e comunicação & ESG da La Casa de Carlota & Friends, estúdio de design que preza pela neurodiversidade, isso acontece principalmente por duas razões. A primeira é o alcance do aplicativo e a segunda é a facilidade do uso e do encaminhamento de mensagens. Esta combinação permite que as organizações da sociedade civil criem um efeito de rede nas suas campanhas e captações, dialogando diretamente com a base de doadores e estimulando os colaboradores a compartilharem suas doações em prol de causas sociais (pelo Status ou por mensagens) com outros usuários.
Catálogo de produtos pode apresentar ações, campanhas e planos de doações
Para desfrutar ainda mais dessas vantagens, Marina recomenda que as organizações da sociedade civil usem o WhatsApp Business, criado inicialmente para empresas, mas cujas ferramentas podem ser muito úteis para OSCs.
“Temos o WhatsApp comum, que é o que todos os brasileiros conhecem, mas o Businesss possui uma série de funcionalidades que trazem esse respaldo para as organizações. Ele pode trazer o selo de verificação, conter informações sobre a organização, horários de funcionamento, descrição no perfil e ser um canal para manter os doadores bem informados. O catálogo de produtos também é muito interessante. As pessoas entram no perfil e conseguem ver tudo o que está disponível. Quando pensamos numa ONG, isso pode incluir dados sobre planos de doações, campanhas, ações internas. É possível expor todas as maneiras de captar recursos”, observa Marina, que atuou como gerente de parceiros NonProfit da Meta, empresa responsável pelo WhatsApp.
Segundo ela, o Business também oferece mais segurança, pois traz o selo de verificação e os dados da instituição. Uma dica que as organizações podem seguir para evitar fraudes é comunicar o número do WhatsApp em todas as redes, seja digital ou não, e de maneira recorrente para que as pessoas possam checá-lo. Caso existam vários números de WhatsApp, as organizações devem deixar claro quais são eles.
Estruturação interna
Marina alerta que é necessário se estruturar internamente para contar com o WhatsApp: “Ele é indicado quando a ONG tem uma estrutura para atender o volume de trabalho gerado. Isso funciona para qualquer canal de captação, é importante que isso se ajuste conforme a demanda. Pode funcionar colocar apenas uma pessoa para cuidar disso por um tempo, mas, se a campanha atingir um efeito de rede, é importante ter mais de uma pessoa. Outra vantagem do Business é que mais de uma pessoa pode acessá-lo”.
As mensagens automáticas são recursos que contribuem para o gerenciamento dos atendimentos no WhatsApp. Com elas, há a possibilidade de criar tópicos numéricos com temas específicos e pedir que o público digite o número correspondente ao assunto sobre o qual deseja falar. O ideal é que as instituições tenham um número oficial reservado para o Whatsapp em vez de colocarem o celular de algum voluntário ou de outra pessoa da equipe.
Comunicação consistente
“O WhatsApp entra como mais um meio para a estratégia de captação. Dificilmente, a instituição só vai captar por ele. Uma das recomendações é adotar uma comunicação consistente em todos os meios com uma identidade visual, com cores e imagens, tipo da fonte e logo porque isso ajuda a reforçar o trabalho da entidade, o que é muito importante. Outra é estimular as pessoas a compartilharem suas doações. É bom que a organização faça isso de maneira clara para incentivar as pessoas a disseminar esse movimento”, complementa.
Uma estratégia que funciona muito bem para aumentar doações é colocar o Pix dentro do Whatsapp, mas é recomendável que a chave Pix possa ser copiada e colada para facilitar a jornada dos doadores. Marina afirma que não basta só fazer um QR Code, mas um vídeo com texto e a chave facilmente acessível para não desanimar quem quer fazer uma doação.
As etiquetas são ferramentas para aprimorar a comunicação com doadores e interessados na instituição. Elas permitem a segmentação da base de doadores (em recorrentes, pontuais, inativos etc), fazendo com que a instituição crie comunicações personalizadas para o público que deseja atingir e sem a necessidade de estruturação de um CRM.
Comunidades no WhatsApp
Em janeiro deste ano, o WhatsApp lançou a função “Comunidades” no Brasil. Essa ferramenta permite a reunião e organização de grupos que podem ser divididos de acordo com assuntos, regiões e outras categorias. Embora seja novo, Marina enxerga muito potencial neste suporte. “Os administradores podem criar grupos diferentes e disparar mensagens para eles. Podemos traçar uma estratégia semelhante às etiquetas e segmentar os grupos. Isso facilita o canal de comunicação e distribuição de mensagens. É possível convidar pessoas para receber atualizações sobre as instituições, informar sobre novas maneiras de doar e qualquer dado que seja relevante. Se a OSC trabalha com mais de uma causa, as pessoas podem se identificar com uma causa e querer participar apenas de um grupo sobre ela”, conclui.
Já que estamos falando de ferramentas digitais, que tal ler nossa matéria sobre o uso do Instagram na captação de recursos?
Texto publicado pela Captamos, editoria da ABCR de conteúdos aprofundados sobre mobilização de recursos para causas