CAPTAÇÃO DE RECURSOS

O que é a captação de recursos?

Toda organização da sociedade civil (OSC, ou “ONG”, no mais popular) precisa de recursos para se manter. Tirando os institutos corporativos, ou as fundações familiares, que têm orçamento próprio garantido, a grande maioria das demais ONGs efetivamente necessita desenvolver uma estratégia específica para trazer recursos – principalmente dinheiro – para que ela seja capaz de cumprir a sua missão e ter impacto real na sociedade. E é essa prática que chamamos…

Na teoria, a captação de recursos é o processo estruturado desenvolvido por uma organização para solicitar as contribuições voluntárias de que ela precisa, sejam elas financeiras ou outros recursos, buscando as doações com indivíduos, empresas, governos, outras organizações, etc.

Para pôr isso em prática, a organização precisa ter uma equipe dedicada a pensar em ideias criativas para trazer as doações, aproximar a organização da comunidade, defender que ela seja o mais transparente possível, construir um relacionamento duradouro com doadores,

SOBRE A
CAPTAÇÃO DE
RECURSOS

Fazendo um paralelo bastante comum, a captação de recursos representa para o Terceiro Setor o que a área de tributos representa para a administração pública (trazer o dinheiro via impostos e taxas) e a área comercial para as empresas (trazer o dinheiro a partir da venda de produtos e prestação de serviços).

É, portanto, uma competência estratégica e fundamental para a sustentabilidade financeira das ONGs. No mundo ideal, todas as organizações que atuam no Brasil possuem um plano de captação e ao menos um profissional responsável por priorizar o assunto (a não ser, como já citado acima, em se manter).

A captação de recursos vem se consolidando como profissão, reconhecida pelo setor público em seu Cadastro Brasileiro de Ocupações. É uma atividade típica e fundamental das organizações do Terceiro Setor. Ao trazer mais doadores e parceiros para a atuação de sua organização, os captadores ampliam a rede de pessoas, empresas e fundações que se dedicam a uma causa. Isso traz mais recursos e ainda mais legitimidade para que a organização atue e provoque impacto positivo.

Em resumo, captar é fazer parte de um ciclo positivo em que mais apoiadores trazem mais recursos, o que gera mais impacto e mudança, atraindo ainda mais parceiros para nossas causas. Ao final, isso resulta em um Brasil mais justo e menos desigual.

A PROFISSÃO

Os/as Captadores/as de Recursos

A captação de recursos, como a entendemos, é uma área que existe exclusivamente no chamado “terceiro setor”.

Tem origem na expressão em inglês “fundraiser”, ou “levantador de fundos”. O captador ou captadora de recursos é o profissional responsável por garantir a sustentabilidade das organizações, trabalhando para assegurar suas receitas, principalmente por meio de doações.

Se em uma empresa temos o setor comercial, e na administração pública existe a área fazendária, responsável pela arrecadação de impostos, as organizações privadas sem fins lucrativos contam com a captação de recursos para seu financiamento.

Assim, a captação de recursos é uma competência exclusiva das organizações da sociedade civil. Para ter sucesso nela, é fundamental contar com profissionais bem preparados e qualificados para assegurar recursos de maneira eficiente.

O captador ou captadora de recursos, junto com a direção da organização, lidera o processo de planejamento e implementação da mobilização de recursos. Esse profissional tem uma visão geral da organização, compreendendo sua causa, projetos e iniciativas, e propõe estratégias para aumentar receitas e garantir a sustentabilidade da estrutura e das atividades da ONG.

Além disso, o captador ou captadora deve ter uma visão especializada, sabendo atuar para conseguir doações de indivíduos, famílias, heranças, empresas e governos, seja por editais ou leis de incentivo. Em organizações maiores, é comum haver setores específicos com profissionais especializados para trabalhar com doadores individuais ou corporativos, por exemplo.

Por isso, a capacitação é essencial para o desenvolvimento da profissão e deve ser uma prioridade para todas as organizações. Essa qualificação pode ser alcançada por meio de eventos, cursos, participação em redes de captadores, benchmarking com organizações de referência, leitura de artigos, e consumo de vídeos e podcasts. Cada oportunidade deve ser aproveitada!

Combinando teoria e prática, teremos captadores de recursos mais preparados. Como resultado, as organizações estarão mais capacitadas para atuar de forma forte e efetiva, cumprindo suas missões e transformando o Brasil em um país mais humano, justo e menos desigual. Esse é o objetivo final de todos nós.

Atualizado a partir de texto original de João Paulo Vergueiro, ex-diretor executivo da ABCR, administrador, mestre em administração e professor da FECAP.

REMUNERAÇÃO

Profissionais de captação de recursos devem ser remunerados pelo trabalho desenvolvido, considerando o tempo dedicado e o conhecimento (experiência) que trazem para a organização.

Em outras palavras, o captador ou captadora deve receber um valor fixo pré-definido, conforme estabelecido no Código de Ética e Conduta Profissional da ABCR. O ideal é que esses profissionais sejam contratados como funcionários registrados, de acordo com a legislação trabalhista (CLT). Essa prática é comum e reconhecida entre grandes organizações da sociedade civil, no Brasil e no mundo.

A razão é simples: só estando plenamente integrado à organização, compartilhando sua causa e vivenciando seu dia a dia, o profissional estará preparado para atuar de forma eficaz na captação de recursos.

No Brasil, entretanto, muitas organizações não têm condições de contratar profissionais formalmente, dependendo do trabalho voluntário. Nesse caso, é possível contratar captadores de forma temporária para apoiar na criação de estratégias de captação, elaboração de planos e estruturação de ações. Essa pode ser uma etapa importante para o crescimento e a profissionalização da organização.

Mesmo em vínculos temporários, é fundamental garantir que a remuneração seja baseada em um valor fixo pré-definido, independente do resultado obtido. Esse valor pode ser complementado por bônus ou gratificações, mas jamais deve ser exclusivamente comissionado sobre o montante captado. Essa prática, condenada pela ABCR e por boas práticas internacionais, transfere o risco do trabalho para o profissional, algo que deve ser responsabilidade da organização contratante.

Além disso, o comissionamento pode prejudicar o vínculo do captador com a organização, gerar conflitos de interesse e comprometer a legitimidade do trabalho junto aos doadores.

Resumindo, o captador ou captadora idealmente deve ser um funcionário formal da organização. Quando isso não for possível, é necessário estabelecer uma remuneração fixa pré-definida, complementada por bônus, se aplicável. Em hipótese alguma, o pagamento deve ser baseado exclusivamente em um percentual do valor captado.

Profissionais mais capacitados e devidamente remunerados fortalecem a sociedade civil, contribuindo para sua sustentabilidade. Isso está alinhado aos valores e à missão da ABCR.

Atualizado a partir de texto original de João Paulo Vergueiro, ex-diretor executivo da ABCR, administrador, mestre em administração e professor da FECAP.

CAPTAÇÃO AGORA É PROFISSÃO

Captação de Recursos se torna uma profissão oficialmente reconhecida.

A captação de recursos para organizações da sociedade civil passou a ser uma profissão oficialmente reconhecida no Brasil, a partir da sua inclusão no Código Brasileiro de Ocupações – CBO, realizada pelo Ministério da Economia no mês de fevereiro deste ano com base na solicitação realizada pela ABCR.

Agora, o CBO conta com um novo código, 4110-55, e título de Captador de recursos / Mobilizador de recursos. No código há descritivo breve, que faz parte do documento: captadores/as atuam na área de captação de recursos, planejando e implementando estratégias de captação e contato com doadores/ parceiros.

Com a inclusão da profissão será possível às organizações da sociedade civil registrarem formalmente na carteira de trabalho os seus captadores e captadoras como tal, sem precisar recorrer a outras profissões e denominações, como assistentes, auxiliares, etc. Além disso, também há uma tabela de atividades relativas à captação de recursos, que é praxe para toda a profissão, e está disponível para ser acessada aqui.

O processo de inclusão da captação de recursos no Código Brasileiro de Ocupações – CBO foi realizado a partir do pedido formal da ABCR, sendo essa uma demanda histórica de todas as pessoas que atuam profissionalmente no campo.

Para celebrar o feito, e explicar o seu significado, confira o vídeo abaixo, lançado à época da conquista: