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Captação internacional promove aumento de doações, networking e aperfeiçoamento

Diversificar as fontes de recursos é fundamental para a manutenção das organizações da sociedade civil. Quando a estratégia de captação de recursos trabalha com essa abordagem, as OSCs não ficam dependentes de poucos doadores e conseguem elaborar planejamentos mais estruturados, além de estarem mais preparadas para enfrentar crises ou imprevistos.

A captação internacional representa uma boa alternativa para isso, pois possibilita que as organizações se envolvam com outras culturas de filantropia e doação de recursos, façam networking e aperfeiçoem seus projetos de captação.

“A captação de recursos no exterior é extremamente importante para diversificar nosso leque de opções e criar um calendário em cima disso. A forma mais inteligente de administrar esse calendário é delimitar geograficamente o que fazer primeiro e seguir essa ordem. Essa diversificação com o recurso do exterior tem que estar atrelada a um calendário interno”, enfatiza Karina Isoton, consultora em captação de recursos com experiência em grandes corporações e instituições do terceiro setor. 

Segundo ela, muitas instituições desejam focar apenas na captação internacional, o que normalmente não é aconselhável se não possuírem uma base sólida de captação no exterior com recursos capazes de manter os projetos por um período de, no mínimo, cinco anos. 

“Não se trabalha mais com curto, médio e longo prazo,  mas com curto e longo prazo porque a tendência é que as oscilações econômicas continuem por alguns anos. A captação internacional é importante porque oferece mais uma opção e o recurso que vem com a conversão da moeda é bastante significativo”, observa Karina.

Em 2020, os Estados Unidos, um dos países mais solidários do mundo, registrou doações de US$ 471 bilhões realizadas por fundações. Karina relata que há mais de 1,5 milhão de ONGs no país, cuja cultura de doação é muito direcionada para causas sociais como a erradicação da pobreza e a imigração. As empresas realizam doações através de suas próprias fundações e é frequente o uso de plataformas de crowdfunding. Já na Europa, a utilização de editais é mais comum e o foco é em catástrofes e questões climáticas.

Pesquise

A primeira dica de Karina para começar a captar recursos nos Estados Unidos é procurar fundações corporativas, que são instituições sólidas, e analisar seus históricos. Há também a possibilidade de buscar fundações privadas que doam recursos locais internacionalmente, e fundações familiares, que costumam ser negligenciadas devido ao desconhecimento dos captadores sobre seu potencial. 

Os captadores precisam dedicar parte do tempo a pesquisas para descobrir possíveis fontes de captação de recursos no exterior e estudar sobre cada uma delas, seus objetivos e exigências para compreender se a instituição se adequa aos perfis dos doadores.

Embora Nova York seja importante estrategicamente devido a grande concentração de instituições financeiras como bancos nacionais e internacionais, as organizações não devem focar apenas nessa região, mas ter uma visão abrangente do país. Muitas companhias norte-americanas nasceram e continuam em seus estados de origem, onde as taxas tributárias são menores.

Evite perseguir doadores e faça uma boa apresentação

Um grande erro é perseguir doadores individuais e corporativos, enviar muitos e-mails ou fazer cobranças. Na cultura norte-americana, o tempo médio de resposta de um e-mail é de três dias e é indicado esperar esse período para enviar um novo e-mail. 

Karina ressalta também que as organizações devem atuar e se apresentar como um negócio para captar recursos no país. Isso significa demonstrar organização, estrutura profissional e exibir seus indicadores com propriedade. Além de cumprir as exigências de cada financiador, as instituições precisam expor sua realidade com dados de impacto social local, estadual e/ou nacional.

Mostre seu diferencial

Nos Estados Unidos, há também muitas pessoas físicas que fazem muitas doações e que já doaram muitos recursos ao longo da vida. Como há muita procura por esses doadores, o ideal é que as instituições encontrem um diferencial para se destacar nesse cenário bastante competitivo e apresentem  ideias sólidas e estruturadas, mantendo a calma no momento da apresentação.

Outra recomendação é compartilhar o cenário atual da organização com as corporações procuradas, deixando claro onde a OSC está e onde quer chegar. É indicado pesquisar áreas que não foram muito impactadas com a Covid-19 para encontrar novos doadores.

Apresente um plano de sustentabilidade

Uma prática cada vez mais recorrente é a exigência de planos de sustentabilidade para instituições. Muitas fundações têm questionado como as ONGs irão manter suas operações em longo prazo. A apresentação de um plano de sustentabilidade transmite segurança e transparência para possíveis financiadores. O planejamento precisa revelar os parceiros e a atuação de cada um, além do impacto da instituição, que estará mais preparada em longo prazo.

Atenção a temáticas de destaque

Captadores de recursos podem trabalhar com alguns assuntos que têm despertado mais a atenção de doadores nos Estados Unidos: imigração, abuso sexual infantil e meio ambiente. Karina explica que a imigração é uma temática com muito potencial para captadores brasileiros em decorrência da imigração em massa de venezuelanos para o país nos últimos anos.

Como os Estados Unidos lidam com uma grande quantidade de imigrantes, pode ser interessante apresentar propostas de captação nesse sentido. “O agente técnico possui mais conhecimento e noção sobre o que eu vivo, é diferente de uma proposta sobre algo que ocorre especificamente na minha região e que não condiz com o local daquele doador internacional”, aponta.

As dicas de Karina foram compartilhadas durante o Encontro de Comunicação e Captação de Recursos 2022.

Já que a apresentação é tão importante para a captação de recursos, aproveite para conhecer maneiras de montar um bom pitch

Texto publicado pela Captamos, editoria da ABCR de conteúdos aprofundados sobre mobilização de recursos para causas

 

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