13ª edição do evento foi realizada entre 28 e 30 de junho de forma totalmente on-line
Com uma intensa programação sobre o universo da mobilização e da captação de recursos para causas, a 13ª edição do Festival ABCR mostrou a força do terceiro setor no Brasil. Foram 650 participantes e 100 palestrantes interagindo on-line em torno das atividades que incluíram 56 sessões paralelas, oito plenárias, mentorias coletivas, pré-estreia do documentário “Por um Brasil Melhor” e conteúdo traduzido para Libras. O Festival, que é uma iniciativa da Associação Brasileira de Captadores de Recursos, é o maior evento de captação de recursos da América Latina e um dos maiores no mundo. Nesta edição, o evento trabalhou o tema “conexões para mudar o mundo”.
“O Festival é o ápice da troca de conhecimento sobre captação de recursos, sustentabilidade das organizações e projetos socioambientais do país, mas a ABCR não é só isso. Para além do festival, a ABCR é uma instituição que vem lutando por um ambiente melhor para o exercício da profissão de forma ética e um ambiente propício não só à captação de recursos, mas também à doação de recursos. Temos toda uma pauta de advocacy e de incidência política sendo trabalhada e a geração de conhecimento”, afirmou a presidente da ABCR, Márcia Woods.
A diretora do Comitê Científico do Festival ABCR, Andrea Travassos, lembrou que a programação foi construída a muitas mãos. “É fruto de um trabalho criterioso feito pelo comigo científico, que selecionou meses antes conteúdos para contribuir com o desenho de novas estratégias, capazes de promover mudanças no dia a dia”.
Instituto Alok
A abertura aconteceu com um bate-papo entre Patricia Lobaccaro (Mobilize Global) e o DJ Alok, que em 2020 fundou o Instituto Alok, associação sem fins lucrativos que atua no Brasil, na África e na Índia a partir de três eixos: empreendedorismo, gastronomia social e expansão de consciência. Alok explicou que sentiu necessidade de contribuir para um mundo melhor a partir de sua atuação.
“O Instituto vem para estruturar esse sentimento meu e poder agir com uma inteligência de investimento social de médio e longo prazo, em que a gente consiga potencializar instituições e organizações já existentes. A gente também cocria vários projetos novos”, afirmou. “A gente está vendo problemas graves no país e se a gente não faz nada, o problema também está em nós”.
Cenário das doações
Na plenária “Qual é o perfil do doador brasileiro depois da pandemia?”, a CEO do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), Paula Fabiani, apresentou dados do World Giving Index (Ranking Global de Solidariedade) 2021. A pesquisa apontou que cinco das principais economias ocidentais saíram do Top 10 dos países mais generosos. Por outro lado, houve recorde no número de pessoas que ajudaram um desconhecido em 2020: mais de 3 bilhões de pessoas. O país mais generoso é a Indonésia. Mais de oito em cada 10 indonésios doaram dinheiro este ano e a taxa de voluntariado do país é mais de três vezes a média global. Neste ano, o Brasil ficou em 540 lugar no ranking, subindo 14 posições em relação aos dados de 2018 e 20 posições em relação a sua posição média nos últimos 10 anos.
Com base nos dados da pesquisa Doação Brasil, Paula também mostrou que, no Brasil, o combate à fome disparou entre as causas mais sensibilizadoras, seguido de crianças e saúde. “Parte desses recursos vai para organizações da sociedade civil, para as instituições, mas a gente percebe que o brasileiro começa a confiar mais nas campanhas e em situações informais de grupos de pessoas que se mobilizam em torno de uma causa”.
Mulheres na captação
Um dos destaques do segundo dia de Festival ABCR foi a plenária sobre os desafios enfrentados por mulheres que atuam como captadoras de recursos. O encontrou teve participação das especialistas Ana Flávia Godoi (AFG Consultoria/Conexão Captadoras), Helen Pedroso (Pacto Global), Roberta Faria (Editora Mol), Tabatha Benitz (Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá).
As profissionais falaram sobre assédio no ambiente de trabalho e a importância de não normalizar esse tipo de situação. Outro tema debatido na plenária foi a necessidade de ter mais mulheres nos cargos de liderança. “Quando a gente traz a equidade de gênero para o debate, falamos em mudar essa estrutura a longo prazo”, pontuou Tabatha
Para formar um ambiente acolhedor para mulheres que atuam na captação de recursos, Ana Flávia Godoi fundou a Conexão Captadoras, rede colaborativa para intercâmbio de conhecimento e vivências na profissão. Já são cerca de 120 participantes. “Debatemos temas correlatos à captação de recursos, desenvolvimento de carreira, como as mulheres estão à frente da mesa de negociação, quais são as principais características de liderança e aquilo que nos fortalece. É uma rede de acolhimento para que a gente possa melhorar nosso dia a dia na captação”, explicou Ana.
O reconhecimento da profissão
A última plenária do Festival ABCR 2021 destacou a inclusão da profissão de de captação/mobilização de recursos no Classificação Brasileira de Ocupações, processo que foi realizado a partir do pedido formal da ABCR e que vai fortalecer a atuação. “O reconhecimento da profissão foi uma das coisas mais importantes que aconteceram no Brasil porque nós vamos ajudar a captar mais para causas que precisam de recursos e, muitas vezes, não tem pessoas ou qualificação para captar”, afirmou o fundador e ex-presidente da ABCR, Custódio Pereira, que atualmente presidente o Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas (FONIF).
Gerente executivo da Fundação Abrinq e conselheiro da ABCR, Victor Alcantara lembrou que a pandemia mostrou a importância da captação de recursos nas organizações e que a área tende a receber cada vez mais profissionais. “É uma profissão do futuro”. Para a captadora do Instituto Tellus, Nathália Gonçalves, agora é preciso olhar para novos desafios. “Nosso papel é se entender como classe e trazer mais avanços para a área”.
Interatividade
Durante todo o Festival, os participantes interagiram com outros profissionais, equipe ABCR e palestrantes pelo aplicativo Attendify. Aqueles que foram mais engajados e enviaram as melhores fotos ganharam uma bolsa integral para o Festival ABCR 2022. Pelo aplicativo, é possível rever toda a programação durante 3 meses.
Em 2021 foi patrocinado por AMBEV Voa, Doare, Trackmob, Instituto ACP, Criando, Umbigo do Mundo, Repense, Szazi, Bechara, Storto, Reicher e Figueiredo Lopes Advogados, Audisa e Pinheiro Carrenho Advogados.
Festival ABCR 2022 com 50% de desconto
Depois de dois anos em edição online, em 2022 vamos voltar a nos encontrar presencialmente. O Festival ABCR 2022 será nos dias 27 e 28 de junho, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo. Você tem 50% de desconto ao se inscrever até o final do mês de julho, garanta sua vaga!