Nós profissionais de comunicação, marketing e captação de organizações da sociedade civil temos sempre que estar atentos aos comportamentos e atitudes das pessoas para melhor planejarmos nossas estratégias de captação, marketing e comunicação.
Há cerca de um mês foi lançado o relatório no Brasil do Eldeman Trust Barometer 2018 que mede a confiança nas instituições. O estudo revela que os índices de confiança caíram em todas as instituições no Brasil entre a população em geral. As maiores quedas aconteceram no Governo, que despencou 6 pontos, chegando aos 18%, e na Mídia, que perdeu 5 pontos, agora com 43%. As Empresas, este ano com 4 pontos a menos, e as ONGs, com menos 3, aparecem empatadas: ambas com 57%. Globalmente, 20 dos 28 países pesquisados, incluindo o Brasil, foram classificados como desconfiados em relação às suas instituições, ou seja, índices abaixo dos 50.
“Tradicionalmente, a confiança cai quando as pessoas estão com menos esperança sobre seu futuro e aumenta quando elas se sentem mais otimistas”, explica Cristina Schachtitz, líder de Engajamento Corporativo na Edelman. “Nesta edição, os dados revelam um mundo polarizado em relação ao sentimento e é um desafio às organizações navegarem nesse ambiente com realidades tão díspares”, completa.
Este sentimento de desconfiança não é uma novidade. A pesquisa de Doação Brasil do IDIS de 2016 já apontava um cenário até mais dramático que este com míseros “26% das pessoas que concorda que as ONGs são confiáveis”.
Ou seja, precisamos melhorar as ações que construam e mantenham a confiança dos diferentes públicos que nossas organizações se relacionam. Essas ações são de comunicação, relacionamento, demonstração de resultados, prestação de contas, com processos claros e consistentes. A ABCR em parceria com a ESPM Social e IPSOS estão conduzindo uma pesquisa sobre comunicação e marketing das OSCs, que será lançada em 8 de junho deste ano e poderá dar indicativos de como estão as práticas do setor e o que poderiam ser pontos de melhorias. Vale ficar atento.
Mais um outro ponto de atenção no relatório da Eldeman foi a drástica queda de confiança na mídia, incluindo produtores e plataformas de conteúdo. O estudo aponta o fenômeno do fake news, a proliferação de notícias falsas ou distorcidas com um papel importante na queda da confiança tanto da mídia quanto nas outras instituições (Governo, Empresas e ONGs).
58% dos brasileiros não sabem diferenciar o que é verdade do que é mentira e 75% têm medo que as fake news sejam usadas como armas.
Em meio à crise de confiança e às fake news, a recomendação é de que as instituições se posicionem de maneira transparente – “a confiança só será recuperada quando a verdade voltar para o centro do palco. As instituições devem atender ao apelo do público para fornecer informações precisas e oportunas e se juntarem ao debate público”.
Deixo vocês com o vídeo feito pela Agência Lupa e outras oito plataformas de checagem de fatos do mundo que foram às ruas para saber se a verdade ainda importa. Assistam à resposta: