O ano de 2022 foi marcado por um aumento expressivo no total de doadores do país: 84% dos brasileiros acima de 18 anos e com rendimento familiar superior a um salário mínimo fizeram ao menos uma doação, seja de dinheiro, bens ou tempo, na forma de trabalho voluntário. O dado é da Pesquisa Doação Brasil, conduzida pelo Instituto para o Desenvolvimento do Desenvolvimento Social (IDIS), que revelou que, dois anos antes, 66% da população havia feito doações.
Segundo o IDIS, em 2022, uma em cada três pessoas realizou doações a ONGs ou projetos socioambientais que totalizaram R$ 12,8 bilhões, o que corresponde a 0,13% do PIB do ano (R$ 9,9 trilhões). Quais são as motivações dos brasileiros que fazem doações? Ao serem questionados sobre o tema, dois terços dos entrevistados pelo estudo (66%) citaram a “solidariedade com os mais necessitados”.
Em segundo lugar, aparece “porque gosto de ajudar/porque me faz bem” com 41% das menções, quase o quádruplo do percentual registrado em 2020 (11%). Na terceira posição, surge “porque acredito na causa que ajudo” citada por 24% das pessoas.
Quando a pesquisa apresenta diversas motivações para doar e solicita que os entrevistados selecionem as mais importantes, a solidariedade com os menos favorecidos cai para a 7ª colocação (64%) e a conexão com a causa é citada por 93% dos respondentes, aparecendo em primeiro lugar.
Em seguida, 90% das pessoas afirmam que doar “faz bem” e 89% dizem praticar a solidariedade porque sentem que podem fazer a diferença. Chama atenção também o fato de 86% dos doadores acreditarem que todos precisam participar da solução dos problemas sociais.
Foi constatado, mais uma vez, que o brasileiro é muito criterioso no momento de decidir fazer sua doação. As pessoas são cautelosas, procuram informações para definir quem serão os beneficiados e costumam doar sempre para as mesmas organizações. Há menos espaço para comportamentos mais impulsivos e emocionais.
Neste ano, a Pesquisa Doação Brasil fez um novo questionamento com o objetivo de descobrir se os brasileiros doam espontaneamente ou somente quando alguém faz o pedido. Uma significativa maioria (76%) dos doadores institucionais fez doações espontaneamente em 2022, o que indica uma sólida cultura de doação.
A pandemia influenciou o comportamento de quase dois terços (62%) dos doadores institucionais, tanto para o aumento quanto para a diminuição de doações. Trinta e oito por cento declararam ter doado mais em 2022 devido à pandemia, enquanto quase um quarto dos doadores (24%) reduziu as doações em decorrência da piora das suas condições de vida.
Os participantes escolheram os três estímulos que mais os incentivaram a doar em 2022. As respostas mostraram que o convívio social nos locais religiosos e nas comunidades tem o poder de influenciar o doador (33%), assim como a família, vizinhos e amigos (31%), além dos pedidos de doação recebidos diretamente na rua, por telefone ou por email (31%). Redes sociais e influenciadores digitais aparecem na quarta posição com 17%.
Há também as redes sociais que mais impulsionam doações. Entre os 17% de doadores que se declararam estimulados pelas redes sociais e por influenciadores digitais, o Instagram é a mais citada, com 85% de menções, seguido por 33% do Facebook e 13% do YouTube e WhatsApp. As pessoas que mais doam pelo Instagram são da Geração Z, composta por jovens nascidos entre 1996 e 2004 (89%) , enquanto que os maiores doadores do Facebook são adultos maduros (73%).
Apesar do Instagram ser a rede social mais mencionada pelos doadores institucionais, ela não é a preferida dos doadores de valores mais altos. A rede mais indicada pelos doadores com valor médio de doação mais alto é o Whatsapp (R$1576), na qual a influência das pessoas mais próximas é maior. Em segundo lugar, aparece o Facebook com valor médio de R$ 1190. Em termos de valor da doação, o Instagram aparece na terceira posição com R$ 993.
A grande novidade desta edição foi o retrato da Geração Z: embora represente a menor parcela de doadores, essa geração detém um grande potencial para influenciar a consolidação da cultura de doação no país. As motivações para doar desse grupo são similares às da população em geral, mas há diferenças mais definidas na motivação religiosa, que é menos citada pelos jovens e na noção de que a sociedade espera que eles doem, também menos sentida pelos doadores da Geração Z.
O estudo constatou que os jovens fazem mais doações espontaneamente do que a população em geral – 81% dos doadores da Geração Z fizeram doações por iniciativa própria em 2022, enquanto na população geral esse percentual foi de 76%.
Há distinções também no seu comportamento: os jovens parecem mais despojados e impulsivos na hora de decidir doar. Não se preocupam tanto com a seleção dos beneficiados e não se dedicam à busca de dados sobre a ONG selecionada. Além disso, não dependem de uma experiência pessoal com a causa para fazer a doação.
Os jovens também são instigados pelos amigos, família, vizinhos e comunidades, mas abordagens diretas de pedidos de doação não interferem muito no comportamento da Geração Z, já que 81% dos seus membros faz doações espontâneas. Outra descoberta é a maior força das redes sociais e de influenciadores digitais entre o grupo. Um em cada quatro jovens doadores reconhece essa influência, enquanto no restante da população esse percentual é de 17%.
Texto publicado pela Captamos, editoria da ABCR de conteúdos aprofundados sobre mobilização de recursos para causas.