Delegar tarefas para um grande número de pessoas que não fazem parte de uma empresa tem se tornado algo cada vez mais comum. Esse modelo de criação colaborativa é chamado de crowdsourcing: uma junção das palavras crowd (multidão em inglês) e outsourcing (terceirização). Cunhado pelo jornalista Jeff Howe em 2006, o termo combina os esforços de voluntários identificados ou de trabalhadores em tempo parcial normalmente pela internet, permitindo o surgimento de diversas ideias e soluções. O método é diferente da terceirização, pois o trabalho é realizado por um público indefinido ao invés de ser atribuído a grupos específicos.
Entre as vantagens do método estão a economia de custos, agilidade e múltiplas habilidades e conhecimentos que criam um ambiente favorável à inovação e à resolução de problemas. Ao reunir inúmeras pessoas em torno de um escopo pequeno, a técnica pode ser promissora para o terceiro setor, especialmente na captação de recursos, que é uma área vital para as organizações.
Com o crescimento do crowdsourcing, é possível postar questionamentos on-line e ter acesso a variadas contribuições. Essa amplitude de olhares tem o potencial de fazer as organizações se conectarem mais com o público, já que mostra como as pessoas pensam. Os dados podem ser organizados em uma base para a criação de novas campanhas de arrecadação e fidelização de doadores, por exemplo.
A inteligência coletiva é proveitosa para atingir um público massivo, fazer conexões e também obter conselhos de profissionais. Mas é preciso fornecer informações e definir com clareza o propósito da tarefa, que não deve ser evasiva. Se a organização elaborar uma campanha de arrecadação de recursos, ela pode compartilhá-la com profissionais que já realizaram esforços semelhantes a fim de aprimorá-la.
Existem algumas plataformas digitais para crowdsourcing que facilitam a construção de uma base de dados, mas elas não são indispensáveis. Ao estudar a relação entre crowdsourcing e organizações sem fins lucrativos no Nepal, a pesquisadora Rachel Amtzis descobriu que as redes sociais desempenham um papel muito relevante no processo ao criarem um espaço de troca com o público e ampliarem o alcance da causa para pessoas que não a conheciam.
Um exemplo de crowdsourcing é o Reimagining Fundraising (Reimaginando a captação de recursos, em tradução livre), que incentiva startups, agências, ONGs, acadêmicos e captadores a apresentarem soluções para desafios da captação. O objetivo é identificar, testar e viabilizar novos conceitos e produtos de captação de recursos que possam ajudar ONGs de todo o mundo a arrecadar recursos, alcançar novos públicos e aumentar o impacto das causas. Em 2020, o desafio gerou mais de 230 soluções analisadas por 113 especialistas líderes do setor
Em 2022, a iniciativa propõe cinco desafios: envolver novos públicos (como jovens da Geração Z e pessoas interessadas em jogos virtuais), criar novos produtos de captação para construir relacionamentos de longo prazo com os apoiadores, elaborar novos canais e ferramentas para aumentar a relevância ao interagir com apoiadores, recrutar e reter novos talentos de captação e criar novas maneiras para a arrecadação de recursos.
“Na hora em que essas ideias forem testadas, serão devolvidas para todas as organizações poderem implantar em suas causas e países”, destacou Flávia Lang, associada da ABCR, sócia e gestora da Tools4Change Brasil, durante evento realizado pela ABCR que está disponível no Youtube.
Texto publicado pela Captamos, editoria da ABCR de conteúdos aprofundados sobre mobilização de recursos para causas.