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Dicas para criar um programa de voluntariado bem-sucedido na sua organização

De acordo com o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), 57 milhões de pessoas doam tempo e habilidades para entidades sociais. Na Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021, o instituto constatou que 34% dos brasileiros com idade superior a 16 anos são voluntários e dedicam, em média, 18 horas mensais a esse trabalho cidadão, fundamental para a existência e continuidade das OSCs. 

A solidariedade é o que move a maioria dos voluntários, mas as organizações precisam se preparar para despertar o interesse deles por meio de um planejamento estratégico e financeiro. A avaliação é de Nina Farias, coordenadora do Dia das Boas Ações, maior iniciativa de fomento ao voluntariado no mundo.

Profissionalização

“Assim como o terceiro setor tem se profissionalizado bastante em termos de captação de recursos, contratação e salários, a área do voluntariado tem que ser considerada estratégica também. Quando a gente tem voluntários, temos multiplicadores da nossa causa e da nossa atuação. O voluntariado facilita também nossa busca por doações, a área demanda tempo e dedicação de pessoas e tem que ser vista não só como parte do planejamento estratégico, mas também do planejamento financeiro da organização para fazer com que essas pessoas se sintam de fato parte de uma equipe e da solução desse problema social”, explica.

Joyce Oliveira, analista de Comunidades no Atados, plataforma social online que conecta pessoas que querem ser voluntárias a organizações, coletivos e movimentos sociais, concorda: “Às vezes, na organização, temos tantas necessidades que não colocamos essa parte de gestão e de cuidado dos voluntários no nosso planejamento financeiro ou o recurso não dá. É bom planejar desde o início do ano quais são os recursos e as demandas da área de voluntariado. A experiência tem que ser boa tanto para os voluntários como para as organizações”.

Criação do programa de voluntariado

Segundo ela, o Atados possui uma jornada do voluntariado com cinco etapas: criação, captação, capacitação, coordenação e celebração. O primeiro passo para trabalhar com voluntários é realizar um mapeamento interno na organização para criar um programa estruturado. A instituição deve descobrir quais são as atividades que precisam de voluntários, quantos são necessários, o que eles irão fazer, qual é o perfil de voluntariado, se há pessoas da equipe para oferecer suporte a ele e planejar a ação com início, meio e fim. 

Joyce aconselha que as instituições elaborem um cronograma e construam o programa de voluntariado a partir dessas perguntas, demandas e inquietações. Posteriormente, é interessante ter a participação de outras pessoas que realizam a gestão dos voluntários na OSC, assim como pedir a opinião dos próprios voluntários para melhorar o programa.

Captação

Após o planejamento, é a fase da captação, ou seja, o momento de pensar em como comunicar a oportunidade para interessados nas vagas. Algumas opções de divulgação são através de voluntários da organização, de plataformas de voluntariado, redes sociais e do site. Todos os recursos de comunicação das entidades podem ser usados. 

As vagas precisam ser claras e objetivas, estipulando qual será o trabalho do voluntário, horário, localização, habilidades necessárias ou se a instituição não exige nenhuma habilidade e irá capacitá-lo. A definição do horário precisa ser pensada de acordo com a realidade de cada OSC, porém a quantidade de horas não deve ser cansativo para o voluntário. “É preciso ser realista, coerente e entender que os voluntários têm casa, trabalho, estudo para conciliar”, ressalta Joyce. 

Na TETO Brasil, o programa de voluntariado pede disponibilidade de 20 horas mensais, que também incluem reuniões e espaços de formação. No processo seletivo, é válido acrescentar informações sobre a atuação da OSC e os benefícios de ser voluntário nela para aumentar as chances de as pessoas se identificarem com as vagas.

“É preciso definir um processo seletivo. Se qualquer pessoa pode participar do voluntariado, deixamos de mostrar para aquela pessoa que ela é importante. É necessário entrevistar pessoas para saber se elas se identificam com essa causa e para que haja a conexão entre a OSC e o voluntário”, aponta Joyce.

Capacitação

Após a seleção, há a necessidade de um processo de acolhida para que as pessoas se sintam bem-vindas durante a integração com a equipe. A comunicação com os voluntários precisa ser ágil e a organização deve transmitir todas as informações que eles devem saber sobre seu trabalho social, assim como boas práticas internas. Isso aumenta a confiança e a segurança do voluntariado que se sente capacitado para auxiliar a organização. 

Nesta etapa, é recomendável elaborar um termo de voluntariado, que é um comprometimento detalhado do trabalho desempenhado pelo voluntário e ajuda no engajamento e no funcionamento do programa. 

Coordenação

Quando o termo de voluntariado é assinado, o ideal é que a instituição coordene o programa e disponibilize um suporte para os voluntários, deixando claro quais são os objetivos da vaga, quais habilidades o voluntário precisa desenvolver. É importante pensar em como manter as pessoas engajadas e comunicar o impacto do trabalho de maneira recorrente, além de atualizá-las sobre capacitações.

“Quando falamos de voluntariado, os grandes desafios não são só a captação, mas as primeiras semanas da pessoa na organização, que são o momento em que ela se apaixona pela causa ou não consegue se conectar e vai embora. Sempre vemos essas primeiras duas ou três semanas como o grande foco para colocar essa pessoa na organização”, afirma Victoria Castells, gerente nacional de Voluntariado e Equipes na TETO Brasil, que já mobilizou mais de 76 mil voluntários em 16 anos. 

“Nosso grande foco de captação de voluntários é o programa de voluntariado, mais de 60% das pessoas chegam a TETO Brasil por causa de voluntários que falaram da sua experiência. Em relação ao engajamento, temos uma proposta de pé na comunidade, na lama, de colocar a pessoa na comunidade desde o início, o que faz com que o engajamento das pessoas seja conectado com nossa grande causa”, acrescenta.

Os responsáveis pela coordenação também podem observar o perfil do voluntariado para prepará-lo para futuras oportunidades dentro da entidade. Um voluntário com perfil de liderança, por exemplo, pode auxiliar na mentoria de outros voluntários ou participar de outras áreas da entidade.

Celebração

A última etapa é para celebrar o trabalho dos voluntários que dedicaram tempo, energia e divulgaram a organização para várias pessoas. Essa celebração pode ocorrer conforme as condições de cada instituição. Algumas opções são oferecer uma certificação e fazer uma reunião online de celebração para finalizar o ciclo de maneira bem-sucedida, o que incentiva o voluntário a se tornar um porta-voz do programa. Esse trabalho de transparência e comunicação faz o voluntário ser um multiplicador do impacto da instituição.

As dicas foram compartilhadas durante a live Exemplos práticos para ampliar sua campanha com voluntários

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Texto publicado pela Captamos, editoria da ABCR de conteúdos aprofundados sobre mobilização de recursos para causas

 

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