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Especialistas compartilham estratégias para ampliar visibilidade e captar recursos no Dia de Doar

Todos os anos, milhões de brasileiros participam do Dia de Doar, que faz parte de um movimento mundial denominado #GivingTuesday (terça-feira de doação) que ocorreu pela primeira vez nos Estados Unidos em 2012. No Brasil, o Dia de Doar é liderado pela ABCR e sua primeira edição aconteceu em 2013 com o objetivo de incentivar a cultura de doação no país e mostrar a importância de realizar doações para patrocinar ações sociais.

É uma grande oportunidade para as organizações da sociedade civil se conectarem com o público, expondo suas missões e impacto para arrecadar mais recursos. De acordo com Vivian Fasca, diretora de marketing e captação de recursos do Greenpeace, o Dia de Doar oferece um amplo cardápio de possibilidades que podem ser exploradas pelas instituições. No entanto, é preciso que as organizações saibam aproveitá-las, convidando as pessoas a exercerem a cidadania por meio da doação.

“Façam iniciativas, testem, não tenham medo de errar. O importante é fazer o pedido porque se a gente não pedir, a outra pessoa não vai saber que precisamos da doação. O Dia de Doar é uma grande oportunidade de pedir doação e mostrar para indivíduos, empresas e poder público o quanto é importante criar essa rede de solidariedade para promover causas sociais e ambientais no Brasil”, aconselha.

Alinhe suas expectativas conforme o plano de captação

Vivian recomenda que as organizações analisem como o Dia de Doar pode ter representatividade na estratégia de mobilização e captação de recursos, deixando claro quais são as expectativas e se preparem para isso. Para o Greenpeace, que é uma organização de grande porte e com uma boa estrutura de captação de recursos, a data não traz muitos recursos, mas é significativa para disseminar a filantropia.

De todas as iniciativas colocadas em prática pelo Greenpeace no Dia de Doar, a mais bem-sucedida foi feita em 2020, durante a pandemia. A ONG realizou uma live com a atriz Giovanna Lancellotti, uma das embaixadoras da campanha de proteção dos oceanos e corais da Amazônia. A live foi divulgada em todas as redes da organização e gerou o maior volume de doações únicas em um ano, mas esse resultado está longe de ser constante. 

“O Greenpeace usa o Dia de Doar como um momento muito simbólico, a gente não tem a pretensão de achar que será o Dia de Doar em si que vai fazer a diferença para o resultado da captação de recursos com indivíduos no ano. Mas sabemos que é um momento muito emblemático para, como organização da sociedade civil, darmos nossa contribuição e a maior visibilidade possível”, frisa.

“Diferentemente de outras organizações, dependemos exclusivamente de recursos de pessoas físicas, o Greenpeace não recebe recursos do governo, de empresas ou partidos políticos. Para nós, é mais emblemático ainda promover a captação de recursos com indivíduos para que nós, brasileiros e brasileiras, possamos exercer nossa cidadania fazendo doações para as mais diversas causas e centenas de milhares de organizações que existem no Brasil”, completa Vivian, lembrando que, no caso de organizações de pequeno porte, o Dia de Doar pode ter resultados muito mais substanciais.

Planeje-se

Carolina Farias, líder do Dia de Doar, esclarece que o primeiro passo para fazer uma campanha no Dia de Doar é a definição de um objetivo. Em seguida, as organizações devem pensar nas etapas necessárias para atingi-lo, qual será o discurso da campanha e como será sua narrativa para que o público se identifique com o conteúdo. 

Vivian concorda e acredita no papel de fomento durante o Dia de Doar: “Temos uma realidade no Brasil na qual essa mobilização e solidariedade ainda são vistas de maneira muito pontual. Muitas vezes, quando há uma tragédia, um desastre ambiental ou a pandemia, há uma comoção. Só que precisamos da doação todos os dias, não só no momento dos desastres e das tragédias, porque proteger o meio ambiente no Brasil é um trabalho contínuo. Não é um momento único”.

Conte boas histórias

Outra organização que participa do movimento é o Hospital de Amor, anteriormente conhecido como Hospital de Câncer de Barretos. A instituição especializada no tratamento e prevenção oncológica apresentou uma campanha ousada em 2022. As equipes de marketing e de captação de recursos decidiram retirar todas as redes sociais do ar durante algumas horas no dia 17 de novembro para despertar a curiosidade e a atenção do público.

O intuito era que as pessoas refletissem sobre quais seriam as consequências da interrupção do hospital. A campanha teve o apoio de influenciadores como a cantora Danny Pink e a apresentadora Amanda Françozo, que falaram sobre o trabalho realizado pelo Hospital de Amor. 

“No ano passado, tínhamos um grande desafio porque estava ocorrendo a Copa do Mundo e a gente precisava chamar a atenção do público. Teve eleição também e foi um ano bem complicado em relação à comunicação. Queríamos mostrar que o hospital não pode parar porque o câncer não para”, explica Patrícia Moura, analista de marketing do Hospital de Amor.

A campanha também divulgou um vídeo com o mote: O hospital não pode parar, no qual havia depoimentos sensíveis de famílias beneficiadas pela instituição e, ao longo da semana, mostrou dados institucionais e informações que revelaram o impacto das doações. 

Para ela, o storytelling é muito vantajoso para atrair doações, pois faz com que o público se emocione e doe para a causa. “É muito impactante reunir as pessoas que são atendidas. As pessoas querem ouvir histórias de pessoas, são conectadas por histórias. O recurso financeiro pode parecer pouco, mas impacta diretamente nas vidas, precisamos mostrar que essas pessoas existem e, através da sua ajuda, você vai mudar vidas. Não é uma campanha simples, é uma campanha necessária”, ressalta Patrícia.

Procure micro influenciadores e empresas

Embora o Hospital de Amor e o Greenpeace tenham o apoio de celebridades e influenciadores para impulsionar campanhas, esta não é a realidade de muitas instituições. Uma alternativa sugerida por Patrícia é mapear micro influenciadores que atuam na região das organizações para que colaborem com a divulgação dos projetos sociais. Progressivamente, as iniciativas se tornam mais conhecidas e arrecadam mais recursos.

É possível também contar com o apoio de empresas, como ocorreu com o Hospital de Amor em 2022. “Sobrevivemos com o apoio da sociedade civil e de empresas. Temos apoio de grandes empresas que nos ajudam com doações diretas e por meio do imposto de renda. Acredito que, com o passar do tempo, haverá uma mudança de cultura na própria instituição para canalizar isso para as parcerias corporativas e campanhas exclusivas”, diz Patrícia.

Participe de campanhas comunitárias

Um caminho muito interessante para organizações regionais são as campanhas comunitárias. Com a proposta de reunir várias organizações em uma só campanha, essas ações não privilegiam uma única instituição e a coletividade traz maior visibilidade para os participantes. Dessa maneira, as campanhas mobilizam recursos locais que são investidos na própria comunidade.

A popularidade das campanhas comunitárias tem aumentado cada vez mais. Em 2022, foram feitas 72 ações pelo país, o que representa um crescimento de 140% em relação ao ano anterior. 

As dicas foram compartilhadas durante a live O Dia de Doar na minha OSC: vantagens e desafios

Já que estamos falando sobre o Dia de Doar, aproveite para conhecer algumas dicas sobre como conseguir apoio do poder público


Texto publicado pela Captamos, editoria da ABCR de conteúdos aprofundados sobre mobilização de recursos para causas

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