É por isso que tem ganhado força um conceito muito usado nas áreas de marketing e administração: os KPIs, sigla importada do inglês (como tantos termos nesse ramo) que se refere aos “key performance indicadots”, indicadores-chave de desempenho. A ideia é justamente escolher informações que permitem traçar metas e ter noções do que fazer para atingi-las – sejam elas referentes à organização como um todo ou a algum projeto específico.
Isso pressupõe, portanto, produzir e acompanhar sistematicamente um conjunto de elementos relevantes. “Se sua meta é que no máximo 5% das doações no ano sejam canceladas, não significa nada saber que você conseguiu 300 novos doadores nesse período. Tem de avaliar não só a entrada, mas também as desistências para saber se o objetivo está sendo atendido”, exemplifica Márcio Corrêa, coordenador de análise de dados da Aldeias Infantis SOS Brasil.
Enxergando os obstáculos
Mas que indicadores escolher? Para Corrêa, o mínimo que uma ONG tem de conhecer é a taxa de entrada de novos doadores, a de cancelamento e a de inadimplência. A importância de outros itens vai depender de fatores como área de atuação e ambiente em que atua. “Quem vai tocar a captação de recursos precisa ser analítico: olhando a base de dados, pode pensar em maneiras de captar”, acrescenta o gerente de marketing e captação de recursos Eduardo Massa, da Habitat para a Humanidade Brasil.
É a análise que permite testar ações de captação, verificar, mesmo num curto prazo, se elas estão dando certo e corrigir rumos. “Se você usa um telemarketing com duas pessoas se alternando das 9h às 21h, mas percebe que pela manhã não há retorno, é melhor colocar as duas trabalhando juntas só no período da tarde”, exemplifica Massa.
A estratégia, porém, envolve custos – demanda uma boa base de dados e, se possível, uma pessoa dedicada apenas a mantê-lo atualizado. “Gasta-se mais, mas paga-se menos depois, pois o processo de captação ganha escala”, defende o gerente da Habitat.