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Manter o foco na causa e planejar-se a longo prazo

O que uma organização da sociedade civil pode fazer para não ser absorvida pelas demandas do dia a dia? Ter um conselho é uma das maneiras de manter o foco também no planejamento, sem se desviar das atividades cotidianas. “Esse é o órgão responsável pela governança das instituições”, diz Fernando Nogueira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista em terceiro setor.

É essa instância, por exemplo, que toma decisões estratégicas, como a contratação de gestores e a elaboração de um plano de longo prazo para melhor servir ao atendimento da causa da organização. Por esta razão, a escolha dos conselheiros — cuja função é exercida de forma voluntária — é uma etapa de grande relevância.

“Não adianta colocar lá só os amigos do criador da instituição, seus familiares ou pessoas notáveis, mas sem comprometimento com a missão”, afirma Nogueira.

Para o professor, a mistura de perfis é uma boa receita: no conselho deve haver pessoas socialmente notáveis, especialistas na causa e também os beneficiários, para dar voz a quem está sendo atendido.

Os conselhos também contam com presidentes, eleitos ou indicados pelos próprios conselheiros, e exercem um papel fundamental: “São eles os porta-vozes da organização para a sociedade”,  destaca o especialista.

Os conselhos são ainda mais importantes nas organizações de menor porte, que contam com poucas pessoas tocando sua atividade-fim. “Nesse caso, o envolvimento com o dia a dia é mais profundo, interferindo nas questões institucionais mais amplas. O conselho ajuda a amadurecer uma entidade iniciante”, explica Nogueira.

As organizações menores também acabam muito associadas a seus fundadores e nisso os conselhos também têm um papel: “Eles são uma ferramenta para garantir a perenidade da instituição ao torná-la menos dependente de seus instituidores”, diz o professor.

E se muitas vezes faíscas surgem entre os objetivos de curto prazo dos gestores e as metas de longo prazo dos conselheiros, para o professor, isso é uma vantagem. “É importante ter uma tensão entre ambos, pois isso ajuda a desenvolver as organizações.”

Mas, afinal, quantas pessoas são necessárias para compor um conselho? Para o professor, “nem tão poucas a ponto de concentrar decisões, nem tantas a ponto de tornar impossível reunir todas para tomar decisões”. Segundo Nogueira, em média, os conselhos costumam ter entre 7 e 11 integrantes.