Criado nos Estados Unidos em 2012, o #GivingTuesday contrapõe-se a uma sucessão de datas comerciais — como a Black Friday — para incentivar uma cultura de solidariedade. Seis anos depois, a ação mobiliza pessoas em 45 países, inclusive no Brasil, onde recebeu o nome de #diadedoar. Como uma iniciativa localizada cresceu tão rapidamente, mesmo sem dispor de grandes recursos financeiros? Em livro recém-lançado por aqui, os filantropos Jeremy Heimans e Henry Timms tentam explicar o fenômeno, digamos assim, “de dentro”.
Timms é um dos idealizadores do #GivingTuesday e viu de perto o meme filantrópico se tornar um movimento, arrecadando centenas de milhões de dólares para instituições beneficentes em vários lugares do mundo. Na obra “O novo poder: Como disseminar ideias, engajar pessoas e estar sempre um passo à frente em um mundo hiperconectado” — lançada no país pela editora Intrínseca —, os autores partem do pressuposto de que existe um velho poder, centralizado, de propriedade de poucos e, por isso, muito difícil de adquirir e exercer. Em contraponto, as mídias sociais possibilitam o surgimento de um novo poder, marcado pela abertura à participação e à colaboração.
Ao mesmo tempo em que esse último permite a ascensão de empresas bilionárias, como a Uber e o Airbnb, ele possibilita o avanço de movimentos como o #MeToo (de denúncia de abusos sexuais) e o Black Lives Matter (que chama a atenção para a violência policial contra afrodescendentes). Possibilita até mesmo que grupos terroristas, como o Estado Islâmico, disseminem suas mensagens, alcançando visibilidade.
Como escrevem os autores, “o futuro será uma batalha pela mobilização. As pessoas comuns, os líderes e as organizações que vão prosperar serão aquelas com mais capacidade de canalizar a energia participativa dos que estão à sua volta – para o bem, para o mal e para o trivial”.
E ambos sabem muito bem do que estão falando. A exemplo de Timms, que ajudou a lançar uma mobilização de repercussão global, Heimans criou na Austrália, onde nasceu, um movimento político impulsionado pela tecnologia que se tornou o maior do país e, desde então, ajudou a lançar muitos outros movimentos no mundo por meio de sua organização, a Purpose, com sede em Nova York.
“Vimos de perto o potencial e as armadilhas do novo poder, e agora queremos compartilhar o que aprendemos”, afirmam os dois.
O #GivingTuesday tem tudo a ver, portanto, com o tal novo poder. Assim como o #diadedoar, que terá sua próxima edição em 27 de novembro, e cuja plataforma está aberta para que todos possam buscar inspiração e bolar ações de incentivo à cultura de doação. Participe!