“As comunidades não aceitam nada de cima para baixo. Pode ser o projeto mais genial. Ouvir as pessoas dá validade a seu trabalho”, diz Cris Oestreicher, coordenadora de mobilização e comunicação do Instituto Acorde, que contribui com o desenvolvimento humano de crianças, jovens e adultos do Jardim Tomé, região de alta vulnerabilidade social em Embu das Artes, município da Grande São Paulo.
Na avaliação de Cris, no momento em que organização envolve a comunidade onde atua, ajuda a desconstruir a ideia de assistencialismo. “Assim, colocamos as pessoas em uma posição ativa. Elas passam a se importar conosco.”
A prova desse engajamento veio há três anos, quando o instituto precisou diminuir os atendimentos para pensar melhor a estratégia que desenvolvia. “Falamos com a comunidade antes mesmo de conversar com nossos parceiros. Ela não só entendeu, como também passou a participar mais. Começou a nos doar produtos de limpeza, pintou nossas paredes, ajudou a desentupir banheiros.”
Criar laços
O contato pelas redes sociais é um dos artifícios usados pelo Instituto Acorde para estreitar laços com os moradores do Jardim Tomé. “O Facebook é uma ferramenta de ouro. É por lá que postamos nossas necessidades e expomos os resultados de nosso trabalho”, afirma Cris.
Mas ela aponta uma das profissionais da entidade, que também vive na região, como o principal trunfo nesse processo de aproximação. “Nossa coordenadora de comunidade é daqui mesmo, foi agente de saúde. Ela consegue mobilizar muita gente em torno do nosso trabalho. Não raras vezes, nós é que vamos bater na porta das pessoas.”
Uma consequência do enraizamento da organização na comunidade é que ela ganha força na hora de conversar com doadores. “Há financiadores que chegam querendo apoiar um projeto do qual a comunidade não precisa. Nós não aceitamos”, diz Cris, que, no entanto, acrescenta: “Eles acabam adaptando o financiamento ao que as pessoas precisam”.