Se o perfil dos doadores é um dado importante na hora de planejar um evento de captação, o que levar em conta quando sua base é composta principalmente por major donors, com grande poder aquisitivo?
Esse foi o desafio encontrado pela SITAWI — organização que oferece soluções financeiras para o terceiro setor — ao decidir realizar seu primeiro evento em São Paulo. “Já fazíamos um jantar no Rio de Janeiro, mas nunca havíamos feito nada para nossos parceiros na capital paulista. Chegamos a pensar num evento de gala, mas percebemos que nossos doadores tinham um perfil muito segmentado, eram pessoas do mercado financeiro”, conta Renata Linhares, coordenadora de relacionamento da SITAWI.
Era necessário ainda promover uma ação que fugisse do lugar-comum e chamasse a atenção. Como a organização trabalha para a sustentabilidade do setor, que é uma causa sem grande apelo com o publico em geral, “precisávamos fazer algo mais interessante ainda para atrair os convidados”, continua Renata.
A organização tinha uma pista valiosa: sabia que boa parte dos seus doadores apreciava a bebida predileta de Baco. Diante da informação — e após muita análise —, chegou-se à conclusão de que realizar um leilão de vinhos seria uma estratégia interessante. Ele aconteceu em 19 de setembro de 2017, mas, na verdade, começou a ganhar forma três anos antes. “Naquela época, fizemos um planejamento estratégico de longo prazo para os anos seguintes, pensando em novas formas de captação. Foi aí que surgiu a ideia do leilão”, lembra Renata.
O tempo foi fundamental para conseguir reunir as estrelas do evento: os vinhos. “As garrafas foram doadas por alguns de nossos apoiadores e por sommeliers”, diz Renata, acrescentando: “Também recebemos de graça o espaço, um restaurante do grupo Fasano, e tivemos patrocínios e o trabalho voluntário de um leiloeiro profissional. No dia, a produção estava toda paga, os custos estavam zerados.”
“Petit Comité”
As outras estrelas do leilão eram, claro, os convidados. E a opção da SITAWI, no caso, foi chamar um círculo mais fechado de pessoas. “Não quisemos fazer algo aberto, mas, sim, segmentado, chamando nossos patrocinadores e apoiadores. Queríamos, principalmente, sensibilizá-los em relação ao nosso trabalho e, no fim, fazer um call to action, ainda que não tão forte, pois esse não era o objetivo principal. O evento foi pequeno, para 100 participantes, um tamanho viável para uma primeira edição”, comenta.
Ganhos (tangíveis e intangíveis)
Foram a leilão 29 lotes e os lances iniciais variaram de R$ 300 até R$ 2.200, com muitos deles na casa dos quatro dígitos. A noite de saborosas comidas e bons vinhos rendeu à SITAWI R$ 110 mil, recurso que foi aplicado na manutenção de uma estrutura que teve um crescimento considerável nos últimos anos. “Quando cheguei à instituição, há cinco anos, éramos quatro pessoas; agora, somos 34.” Há, no entanto, ganhos não tangíveis, e cujos frutos ainda serão colhidos. “Nossos apoiadores e patrocinadores trouxeram seus amigos. Cada doador é um potencial captador. O evento foi só o primeiro encontro com esse público. Depois, terá o namoro, o noivado e, então, o casamento”, diz Renata, enfatizando a importância de se manter o contato com os convidados após a festa.