Você desiste de um possível doador logo no primeiro não? Pois saiba que, na captação de recursos, a negativa pode muitas vezes significar um “agora não”. Ou seja: há, sim, possibilidade de retomar o pedido. Mas, para isso, é preciso se manter no radar daquele que você pretende atrair como financiador.
“Nem sempre a abordagem acontece no tempo certo”, diz Ana Levy, que exerce, não por acaso, um cargo com o título de “encantadora de doadores” na Ader&Lang, agência especializada em comunicação, planejamento, gestão e mobilização de recursos para o terceiro setor.
O importante, segundo ela, é manter o contato após a primeira recusa. “A pessoa tem de estar sempre informada sobre a sua organização, para que você não caia no esquecimento”, orienta.
Com pequenos doadores, cujo contato é feito via ferramentas mais massificadas, é fundamental abastecê-los com histórias sobre o trabalho da sua organização. A ideia é “mexer com os sentimentos”, explica Ana, que acrescenta: “Tem de deixar um canal fácil, caso decidam doar.”
Já com grandes doadores e empresas, o contato é mais pessoal, por meio de ligações específicas ou reuniões. “Você não pode permitir que esse público te esqueça. Deixe sempre uma porta aberta. Geralmente, leva-se uns 30 cafezinhos até que se consiga alguma coisa.”
Independentemente do tipo de doador, é necessário compreender o motivo da negativa e o momento da pessoa. “Muitas vezes, isso tem a ver com uma questão econômica, uma situação que tende a ser passageira. No caso de empresas, por exemplo, pesquisar sobre como está o mercado em que ela atua é uma boa maneira de acertar o momento para um novo pedido”, sugere.
Mas qual a medida para não ultrapassar limites e se tornar um chato? “Isso é algo que varia. Essa sensibilidade, a gente só adquire com a experiência para perceber até onde ir”, pondera.
A “encantadora de doadores”, no entanto, dá uma dica crucial: “Quem arrisca nos pedidos, leva mais negativas. Mas abre mais possibilidades para receber uma resposta positiva. A cada não, você estará mais perto do sim.”