No meu artigo anterior aqui na Captamos comecei a analisar os resultados do Censo ABCR 2015, e abordei, em especial, as características pessoais desses profissionais, como a formação, idade e outros idiomas que eles dominam. Neste texto continuarei com a análise, agora olhando a inserção dos captadores nas organizações da sociedade civil.
O primeiro resultado que chama a atenção é o tempo dedicado por cada profissional ao trabalho de captação de recursos. Conforme pode ser observado na tabela abaixo, somente 40% dos associados da ABCR dedicam menos de 20 horas semanais a essa atuação tão estratégica: a grande maioria dos que trabalham no setor têm mais de metade do seu tempo na semana voltado à tarefa de viabilizar as doações e outros recursos para a sustentabilidade financeira das nossas organizações. E inclusive quase um terço deles, 30%, trabalha até mais de 40 horas por semana nisso!
Outro resultado interessante no Censo 2015 foi como os profissionais de se definem dentro das organizações. Quase 70% deles já é exclusivamente um captador de recursos (ou um mobilizador de recursos). Mas uma quantidade significativa (30%) é dirigente da sua própria organização, e além da função de administração também assumiu o papel de mobilizador de recursos.
Na ABCR nós queríamos saber também quais as principais dificuldades encontradas pelos captadores dentro das suas organizações. A pergunta permitia várias respostas e o resultado foi bastante equilibrado, com a grande maioria das opções recebendo vários votos. Destacou-se o fato do ambiente legal e fiscal não estimular a doação (45%), o pouco tempo para trabalhar como captador, dividindo as funções com outras tarefas da organização (43,55%) e a inexistência de indicadores na área, a ausência de profissionais qualificados na área e a escassez de ferramentas gerenciais adequadas, todas as opções tendo recebido 38,71% das escolhas.
Uma informação que era importante para nós conhecer era quais as outras áreas dentro das organizações que dão suporte ao trabalho do captador de recursos. O resultado esteve dentro do esperado, com mais de 80% dizendo que a Diretoria apoia a captação – exatamente como deve ser – estando em segundo lugar, com 60% das respostas, as áreas de Projeto e de Comunicação e Marketing. Além disso, também apoia consideravelmente o trabalho dos mobilizadores de recursos a área de gestão financeira das organizações da sociedade civil.
No meu próximo artigo na Captamos darei continuidade ao estudo dos resultados do Censo ABCR 2015, partindo agora para analisar às respostas de perguntas que sempre levantam muito interesse: qual é a remuneração do captador de recursos? Qual é a sua forma de vínculo dele com as organizações? Até lá! João Paulo Vergueiro, administrador, diretor executivo da ABCR – Associação Brasileira de Captadores de Recursos e professor de responsabilidade social corporativa da FECAP.chatCOMENTARfavoriteCURTIR (1)shareCOMPARTILHAR