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Saiba como conseguir o apoio do poder público para o Dia de Doar

Foto: Claudio Vieira/Dia de Doar São José dos Campos

O Dia de Doar acontece anualmente no mês de novembro, mas a mobilização por um país mais solidário ocorre muito mais cedo. Ao longo do ano, pessoas de todas as regiões do país elaboram campanhas comunitárias, dialogam com entidades sociais, empresas e com o poder público para estimular a generosidade. O sucesso do movimento decorre desse engajamento coletivo que luta pela transformação social. 

O poder público é um poderoso aliado das entidades para alavancar o Dia de Doar, na medida em que aumenta a divulgação do movimento, colabora com expertise e recursos financeiros e amplia a rede de parceiros. A cidade de Esteio (RS) conta com a participação de todos os vereadores e com o engajamento contínuo do prefeito Leonardo Pascoal. 

“Ele faz parte de todas as nossas ações e faz chamamentos. Fizemos encontros com senadores e várias pessoas-chave no município para ampliar a campanha”, observa Jeanine Godoi, presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdica).

O Comdica realiza uma arrecadação de recursos durante o ano e lança um edital para possibilitar a participação de todas as entidades regionais. Todos os projetos do órgão estão relacionados ao plano decenal do município, que é o plano dos direitos da criança e do adolescente, e ao diagnóstico da situação da criança e do adolescente na cidade. 

A Central Única das Favelas (CUFA) também fez uma campanha com a Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos de Esteio.  “O diferencial de Esteio foi o trabalho coletivo entre as entidades. No dia a dia, às vezes, falta tempo para conhecer a realidade da entidade vizinha, mas conseguimos olhar para o coletivo. Foi essencial a parceria com o poder público, com o prefeito Leonardo Pascoal e a Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos”, ressalta o coordenador da CUFA Eduardo Cardoso.

A CUFA fez uma feijoada para lançar a campanha do Dia de Doar em 2022. O prefeito e os vereadores de Esteio foram convidados. “Lançamos a campanha com eles porque são os representantes políticos do município. Após este evento, procuramos empresários e o sindicato dos contadores. Vinculamos a campanha ao imposto de renda e fizemos várias arrecadações para o Fundo da Criança e do Adolescente e para o Fundo do Idoso. A participação do poder público foi o que nos deu visibilidade”, afirma Jeanine.

“As entidades podem se unir e se engajar na mesma causa e foi através do Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente que conseguimos nos enxergar como parceiros.  Todas as entidades são cadastradas junto ao Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e ao COMDICA. Já tínhamos um relacionamento, porém não havia esse trabalho de captação conjunta”, acrescenta.

Penápolis e São José dos Campos, em São Paulo

A participação política também se sobressai em Penápolis (SP) e um dos principais responsáveis por isso é o vereador Professor Bruno. “Fui eleito vereador em 2020, comecei minha legislatura em 2021 e sempre fui do Terceiro Setor.  Fiz campanhas próprias, sou professor há 12 anos e sempre quis criar uma lei no município para homenagear o doador e falar de doação. Vi que havia um projeto de lei em Araçatuba, procurei uma vereadora e quando implantei a lei aqui, conheci o Dia de Doar. De lá para cá, só tivemos sucesso”, relata.

Após a implementação do projeto de lei, ocorreu uma audiência pública para convocar todas as campanhas comunitárias do município para apresentar o Dia de Doar e explicar como participar da mobilização. Em 2022, as ONGs da região se reuniram para conversar sobre as possibilidades da campanha e o vereador promoveu uma premiação de Doador do Ano na cidade e fez uma votação pública entre a população para escolher o doador homenageado. O vereador obteve mais de R$ 400 mil através de emenda parlamentar, valor dividido entre todas as instituições regionais. 

De maneira similar, a cidade de São José dos Campos (SP) também incluiu o Dia de Doar no calendário oficial por meio de um projeto de lei. O movimento foi impulsionado pelo Fundo Social de São José dos Campos, que trabalhou para proporcionar visibilidade às organizações sociais e realizou uma feira para conectá-las a potenciais doadores. Em 2022, o Fundo percorreu a cidade para difundir ainda mais a campanha. 

Dicas

Todos enfatizam que a relação do poder público com campanhas comunitárias precisa ser nutrida com o decorrer do tempo. O Professor Bruno recomenda que, no início, as organizações procurem um vereador que tenha um propósito de trabalho e que esteja envolvido com o Terceiro Setor para trazer mais recursos para a campanha. Ele também esclarece que a falta de formalização de algumas entidades gera uma perda desnecessária de muitos recursos e, por isso, é importante que as OSCs façam a legalização.

O vereador gerencia um grupo no Whatsapp com representantes de entidades e do poder público para difundir informações sobre como participar das campanhas, o que facilita a comunicação. 

Agora temos a declaração do imposto de renda e já conversei com todo mundo, falei com o sindicato dos contadores da cidade, o presidente da nossa região.  Uso recursos da Câmara, como é um projeto de lei, disparamos e-mail, eu mando ofício para todo mundo, faço reunião. Eu procuro as fontes e elas fazem a distribuição da informação para todo mundo. Trabalhar com o Terceiro Setor é falar, buscar parceiros, que é algo que estou fazendo em Penápolis”, pontua.

Marília Chaves, gestora do Fundo Social de São José dos Campos, e Jeanine observam que as pessoas podem começar a participar do Dia de Doar dentro da sua rede de influência, estimulando a solidariedade na família, entre amigos, escolas e locais de trabalho. É natural que a proporção dessas ações cresça com o decorrer do tempo e crie outras oportunidades. Já Eduardo aconselha que as entidades criem campanhas internas recorrentemente que não estejam restritas a recursos financeiros para fomentar o Dia de Doar. 

“Mesmo que as ações não estejam o tempo todo circulando no final de novembro, elas são construídas ao longo do tempo e culminam no Dia de Doar como um momento de celebração e visibilidade. Estes movimentos que começam e são construídos com o tempo têm a oportunidade de, no Dia de Doar, ter um momento de celebração, compartilhamento, novas ideias e possibilidades. É um dia de engajar a população para falar sobre isso, trazendo maior relacionamento com doadores. Esse relacionamento precisa ser mantido ao longo de todo ano”, destaca Carolina Farias, líder do Dia de Doar.

As dicas foram compartilhadas durante a live Campanhas do Dia de Doar apoiadas pelo poder público

Como você percebeu, é possível fomentar a generosidade entre pessoas do nosso convívio. Inspire-se nessas recomendações para colocar isso em prática na sua vizinhança.

 

Texto publicado pela Captamos, editoria da ABCR de conteúdos aprofundados sobre mobilização de recursos para causas

 

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