Desde a juventude, o captador de recursos Phelipe Sales realizava trabalho social na igreja, mas só passou a atuar profissionalmente na área de impacto em 2015. Formado em Administração de Empresas e especialista em Gestão de Pessoas, Phelipe foi corretor de imóveis, docente em cursos de Administração e analista de negócios, coordenando equipes de vendas, contratação e seleção de vendedores.
Em 2015, a experiência como instrutor de Administração no Centro Salesiano do Aprendiz do Distrito Federal (CESAM DF), instituição filantrópica que oferece capacitação profissional para adolescentes e jovens, provocou uma grande mudança em sua carreira.
Phelipe começou a auxiliar a instituição a conseguir novos parceiros e a se sentir cada vez mais motivado. Diferentemente da concorrência desleal da área comercial, ali a lógica não era a da competitividade, mas da solidariedade que impactava a vida dos beneficiados: “Eu me encantei por aquilo porque meu discurso para convencer empresários e doadores era de que a doação iria transformar a vida das crianças e jovens”.
“Saí da instituição e fui convidado a assumir a área de captação de recursos da Rede Salesiana Brasil. Como tenho vivência na área comercial, fiquei encantado. Não há preço que pague quando você fala para outra pessoa ajudar a transformar a vida de alguém. Todo mundo fica feliz: eu, quem doa e quem recebe. Acho que este é o legado que quero deixar”, observa.
Phelipe, que também coordena voluntariamente o Grupo Temático de Instituições Religiosas da ABCR, encontrou um propósito profissional e desenvolveu um apreço cada vez maior pela captação de recursos. A transição de carreira foi natural e, logo, ele começou a buscar conhecimentos específicos sobre captação, especialmente por meio de cursos em plataformas como a Escola Aberta do Terceiro Setor.
O captador de recursos calcula ter feito mais de 50 cursos ao longo da carreira. Segundo ele, uma de suas primeiras formações foi na área de emendas parlamentares, mas houve cursos sobre temas variados como transparência, relacionamento e doação de pessoa física.
“Qualquer profissão deve buscar muito conhecimento e não faltam cursos sobre esse assunto. O captador precisa ter muita habilidade na escrita, comunicação e facilidade de relacionamento com a comunidade local. Como um posicionamento, a pessoa deve ter muita autoestima e caminhar por todas as áreas da instituição. Faço uma analogia dizendo que é como se o captador bombeasse o coração da instituição, ele traz energia e precisa de um olhar muito estratégico em relação às necessidades da organização”, pontua.
Phelipe aconselha que, antes de ingressarem na área de captação de recursos, as pessoas visitem uma organização social para saber se a transição de carreira será realizada. Segundo ele, participar do programa de voluntariado é uma ótima opção, pois permite que as pessoas conheçam o funcionamento e as necessidades de uma OSC. “A partir do momento em que alguém entender sua importância para uma comunidade e realmente quiser entrar na profissão não estará ali pelo dinheiro, mas para cumprir uma missão”, afirma.
Após a conquista da vaga no setor de captação, a dica é fazer cursos gratuitos online e participar de festivais conhecidos da área, como o Festival ABCR. Em seguida, é o momento de se especializar em áreas como editais, doações de pessoas físicas ou doações corporativas.
O voluntariado também é mencionado pelo captador de recursos do Colégio Mão Amiga João Paulo II, Rodrigo Moreira, como uma boa porta de entrada para o setor social. Assim como Phelipe, ele se apaixonou pelo setor quando decidiu auxiliar uma organização social. Rodrigo era técnico em segurança do trabalho e planejava ser engenheiro, mas o trabalho voluntário mudou completamente seus planos de carreira em 2016.
Após realizar uma captação via edital para a Escoteiros do Brasil, Rodrigo foi convidado para fazer isso profissionalmente e decidiu se especializar em Marketing e em Gestão de Projetos para adquirir conhecimentos sobre relacionamento com doadores.“Busquei áreas relacionadas à captação. Larguei minha bolsa de Engenharia e comecei a cursar Marketing para atender doadores. Você não doa para uma organização em que não confia. É preciso ter esse preparo institucional, principalmente na comunicação. Vi na ABCR um farol para ir atrás de informação também”, ressalta.
Rodrigo realizou vários cursos disponíveis na ABCR, na Escola Aberta do Terceiro Setor, na Escola do Governo e em outras plataformas para se capacitar. “O captador precisa ser organizado e ter como premissa a gestão dos projetos. É fácil receber o dinheiro, mas precisamos organizá-lo e prestar contas. Se você não tiver amor à causa e o doador não sentir isso no que você faz, não funciona”, afirma.
Realizar trabalho voluntário, sentir amor pela causa e investir no aperfeiçoamento contínuo, principalmente nas áreas de Administração, Comunicação e Gestão de Projetos, são as principais recomendações de Rodrigo para quem deseja migrar para a captação: “As pessoas precisam estar prontas para se apaixonar e estudar onde estão entrando. Não adianta ter bagagem profissional e não sentir vontade de ir atrás das informações”.
Para Rodrigo, trabalhar no Terceiro Setor também representa uma forma de retribuir a ajuda que recebeu na juventude. “Fui beneficiado por um projeto social e conseguir fazer algo pelo outro é um ato de amor. Eu capto para educação e para a assistência social, fazendo o que já fizeram por mim, para crianças e adolescentes”, finaliza.
Texto publicado pela Captamos, editoria da ABCR de conteúdos aprofundados sobre mobilização de recursos para causas