O senso comum diz que os cidadãos do país não gostam muito de contribuir financeiramente com iniciativas sociais e ambientais. Além da falta de hábito e de uma cultura de apoiar essas causas, o medo de que as contribuições sejam desviadas explicariam tal desânimo.
Cada vez mais, essa crença se distancia da realidade.
Segundo um amplo levantamento que várias ONGs (Organizações Não-Governamentais) estão preparando para tentar mapear melhor o terceiro setor e entender o seu relacionamento com a sociedade brasileira, perto de 60% da população coopera com bens não financeiros, dando roupas ou um pouco do seu tempo para projetos com os quais se identificam. E cerca de 25% fazem doações em dinheiro.
Os motivos que levam cada parcela a cooperar são diferentes.
No caso da classe C, existe uma identificação muito grande entre quem ajuda e o alvo da ação, em iniciativas sociais –tem-se a impressão de que se está ajudando um familiar ou vizinho.
Na classe B, a culpa tem um papel maior.
E os mais ricos acabam movidos pelo relacionamento com os seus pares e pelo glamour de colaborar.
“De qualquer forma, para todos existe a consciência de que a sociedade civil pode mudar o país e estimular políticas públicas”, diz Luciamara Letelier, diretora da Management Brasil, que faz parte da Rede MC, uma consultoria inglesa em gestão do terceiro setor. Ela será a primeira brasileira em 30 anos a fazer uma palestra no International Fundraising Congress, o principal congresso de captação de recursos para o segmento, que acontece neste mês.
Segundo Lucimara, o brasileiro sempre escolhe várias iniciativas para apoiar, entre projetos locais e grandes causas. Em cinco anos, o percentual de quem doa dinheiro deve subir para 35%, prevê.
Por Denise Godoy – Fonte: Seu Dinheiro