Confira a entrevista de Gerson Pacheco, ao portal do IDIS (http://www.idis.org.br) – publicado originalmente aqui. O diretor nacional do ChildFund Brasil – Fundo Cristão para Crianças, Gerson Pacheco, explica que o estudo apresentado no encerramento do III Festival Latino-Americano de Captação de Recursos – FLAC 2011 permite conhecer o perfil dos doadores do País e compreender o que os motiva a apoiar financeiramente determinadas causas. Segundo ele, cerca de 9% da população brasileira, 17 milhões de pessoas, doam para causas sociais todos os meses.
O que motivou a realização da pesquisa?
Identificar o perfil de doadores é imprescindível para elaborar estratégias mais assertivas para a captação de recursos. O Brasil cresceu economicamente e as classes sociais, consequentemente, ascenderam. Este cenário reduziu o volume de doações internacionais para o País, restando às organizações sociais brasileiras a opção de identificar as oportunidades de mobilização de recursos locais com foco na sustentabilidade.
Qual foi a metodologia usada para mapear os doadores?Utilizamos a base de dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nas versões 2003 e 2009. Também usamos dados preliminares do Censo IBGE 2010, além de selecionar informações sobre doação e identificar dados sociodemográficos. Para concluir, fizemos o processamento estatístico destes dados.
Quantas pessoas foram entrevistadas?
Cerca de 50 mil famílias foram consideradas, de acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), nas versões 2003 e 2009.
O comportamento dos doadores no Brasil tem mudado?
Muito. Os anos de 2003 e 2009, quando comparados, apresentam diminuição de doadores regulares. A classe A registrou queda de 37% nas doações, representando atualmente 14,9% dos doadores regulares no País. A classe C foi a única que apresentou aumento: ganhou 1 milhão de novos doadores, que elevaram a média de contribuição mensal de R$ 15,50 para R$ 17. No entanto, o aumento de doadores da classe C não compensou a diminuição de doadores das demais classes sociais. A redução das doações médias das classes A e B foi de 13% e 5%, respectivamente, entre 2003 e 2009. A média mensal de doação da classe A é de R$ 63 e da classe B, R$ 31. Identificou-se, por meio da pesquisa, um paradoxo: quanto menor a renda, maior a parte dedicada à doação. Ou seja, quanto mais pobre, mais generosa a pessoa é.
Qual é o volume atual de doações da classe C?
Quase 30 milhões de pessoas chegaram à classe C. Hoje, representam 94 milhões de brasileiros. Destes, 7,6 milhões realizam doações regulamente.
A pesquisa mostra que as mulheres doam mais que os homens.
Sim, as mulheres realizam mais doações do que os homens, mas o valor médio da doação realizada pelos homens é maior. Eles doam, em média, R$ 31 mensalmente. As mulheres, R$ 21.
A faixa etária dos doadores que mais contribuem é de 60 anos ou mais. A idade influencia nas doações?
A faixa etária tem forte influência sobre o ato de doar. Quanto mais velho, maior a propensão à doação. Porém, em termos de valor médio, a faixa dos 40 aos 50 anos contribui com quantias maiores.
Qual é o perfil dos doadores por regiões?
As regiões Sul e Sudeste representam as áreas que possuem mais doadores, proporcionalmente à sua população e poder aquisitivo. A principal fonte para a realização de doações regulares está na região Sudeste, embora a análise da doação média apresente doadores mais generosos na região Norte. Ao estratificar simultaneamente classe social e região, a maior fonte de doações está concentrada no Sudeste e na classe B.
Para acessar a pesquisa sobre o perfil dos doadores brasileiros, clique aqui.