Quem acompanha notícias sobre negócios, empreendedorismo e impacto social com certeza já ouviu falar em ESG. Nos últimos meses, sobretudo no período de pandemia, a sigla ganhou destaque na imprensa e está mudando a forma de conduzir empresas e fazer investimentos tendo como princípios a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável, para além da questão financeira. Neste post, apresentamos o significado de ESG, seu contexto e as oportunidades que pode gerar para o Terceiro Setor.
O que significa ESG
Investidores esperam, cada vez mais, que as empresas reconheçam e tratem, de forma responsável, riscos e oportunidades de curto e longo prazo em relação a fatores ambientais, sociais e de governança. A sigla representa três palavras (em inglês) centrais para essa demanda: Environmental (critérios ambientais), Social (critérios sociais) e Governance (governança). Formam um conjunto de princípios pelo qual empresa e seus investidores podem medir o impacto mais amplo de suas operações e estratégias, gerando contribuições positivas para a sociedade, alcançando a sustentabilidade e evitando impactos negativos relacionados a suas operações, produtos ou serviços.
Environmental: Os critérios ambientais incluem a energia que a empresa gasta, os resíduos que gera, como lida com eles, o impacto de suas ações nas emissões de carbono e nas mudanças climáticas. Em resumo: como suas operações afetam o meio ambiente.
Social: Reputação da empresa em responsabilidade social e, claro, ações e resultados concretos que validem essa reputação. Isso inclui relacionamento com a comunidade e representantes da sociedade civil organizada, fomento à diversidade e à inclusão, equidade nos salários, programas de cuidado com a saúde dos funcionários e alinhamento com a pauta de Direitos Humanos.
Governance: Qualidade no processo de tomada de decisão, ética, transparência, cumprimento de leis, atendimento às necessidades dos stakeholders e segurança de dados são alguns dos fatores que envolvem a boa governança. Tudo isso é levado em consideração nos investimentos ESG.
Contexto e avanços
Ainda que no Brasil o ESG tenha ganhado maior destaque em 2020, já é referência há mais tempo, especialmente em outros países. A partir de 2009, a Organização das Nações Unidas iniciou as atividades de um projeto voltado à responsabilidade socioambiental nos investimentos. A iniciativa Sustainable Stock Exchanges (Bolsas de Valores Sustentáveis, na tradução livre para o Português) fornece uma plataforma global para explorar como as bolsas, em colaboração com investidores, empresas, reguladores, formuladores de políticas e organizações internacionais podem melhorar o desempenho em questões ESG.
Em 2018, um estudo publicado pela consultoria Ernst & Young (EY) mostrou que as informações ESG estavam desempenhando papel cada vez mais importante no processo de tomada de decisão de investimento e redução de riscos. “Os investidores procuram as empresas para identificar os fatores ambientais e sociais que são importantes para ajudá-los a alcançar seus objetivos estratégicos e para definir as metas que serão relevantes nesse horizonte de tempo”.
Em 2020, a B3, bolsa de valores brasileira, lançou o índice S&P/B3 Brasil ESG, que utiliza critérios baseados em práticas ambientais, sociais e de governança para selecionar empresas brasileiras para sua carteira.
ESG e Terceiro Setor
As iniciativas sociais, especificamente o Terceiro Setor, podem aprender muito com os critérios ESG. Ao levar em conta esses fatores na gestão institucional e de projetos, as organizações se alinham às novas demandas globais no que diz respeito à governança, à responsabilidade social e às mudanças climáticas. Se para as empresas tradicionais esse é um caminho sem volta, para as OSC’s, é uma questão de coerência e confiança, afinal, para mudar o mundo, é preciso começar pelas boas práticas internas. Portanto, gestores sociais podem e devem acompanhar atualizações sobre o tema.
Algumas perguntas importantes a serem feitas: “Minha organização segue critérios de diversidade e inclusão?”, “A formação das equipes, incluindo Conselho e Diretoria, tem em vista a igualdade de gênero?”, “Nossa política de transparência é clara?”, “A prestação de contas é eficiente e chega a todos os públicos interessados?”. Quando a organização está alinhada aos critérios ESG, tem melhores oportunidades para captação de recursos.
A relação entre ESG e Terceiro Setor também envolve impacto colaborativo. A experiência de muitas organizações da sociedade civil serve como direcionamento para que empresas estejam comprometidas com impacto positivo real e não usem o ESG como estratégia de marketing sem qualquer relação com práticas e resultados efetivos. É um desafio no qual o Terceiro Setor pode atuar como consultor e parceiro na implementação de programas que articulem propósito empresarial e demandas sociais. Essas atividades ainda podem representar uma nova fonte de captação de recursos e virar exemplo positivo para que outras empresas vejam o Terceiro Setor como aliado estratégico na jornada de transformação.
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