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Benchmarking colaborativo: os benefícios da troca de experiências e conhecimentos entre organizações

No final da década de 70, a empresa Xerox começou a analisar seus concorrentes para aprimorar processos internos e colher melhores resultados. Essa prática foi chamada de benchmarking: o termo é derivado da palavra benchmark que significa referência em português. O método é muito comum no setor corporativo e cada vez mais empresas estudam o mercado com o intuito de implementar melhorias nas suas estratégias e na qualidade dos seus serviços e produtos. 

Uma das modalidades é denominada benchmarking de cooperação ou colaborativo, que se trata de uma parceria para trocar dados e experiências e ampliar a visão de um negócio. A ferramenta também pode ser muito bem aproveitada pelo Terceiro Setor, especialmente porque, diferentemente das empresas, há muito mais espaço para priorizar alianças que ajudem no crescimento de todos os envolvidos.

O INCAvoluntário, área de ações voluntárias do INCA (Instituto Nacional do Câncer), se comunica regularmente com outras organizações. Uma dessas ocasiões foi a reunião com a equipe do GRAACC (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer) para trocar experiências sobre voluntariado neste ano. Durante o encontro, o INCAvoluntário conheceu algumas rotinas hospitalares da organização.

“O benchmarking é para aprendermos  as boas práticas do mercado e no Terceiro Setor isso não é diferente. A gente visita outras instituições com o intuito de melhorar nossas atividades e processos. Essa troca ocorre por uma via de mão dupla e é muito natural. Sempre visitamos e recebemos outras organizações”, afirma Fernanda Vieira, gerente geral do INCAvoluntário.

Prática aproxima organizações sociais

O INCAvoluntário procura instituições que realizam trabalhos mais similares ao seu como o GRAACC, o ChildFund Brasil e o Hospital da Baleia. Como a organização também é uma referência em trabalho voluntário dentro de um hospital, o movimento contrário também acontece e o INCAvoluntário atende outras OSCs. Basta que elas entrem em contato por e-mail ou pelas redes sociais e a organização procura saber como pode ajudá-las, mostrando sua organização interna, sua estrutura e seu processo de trabalho.

“Conseguimos conversar com outras instituições e temos vários insights do que pode funcionar, as práticas usadas por outras organizações que podem ser adaptadas. Através de uma dessas visitas, implementamos uma captação por leilão e por uma rifa solidária, o que nunca tínhamos feito”, relata Fernanda, acrescentando que o INCAvoluntário recebeu camisetas autografadas de Neymar para leiloar, o que ajudou a alavancar a captação de recursos.

Faça uma busca na internet e acesse as redes sociais

Existem algumas maneiras de mapear outras organizações para fazer benchmarking colaborativo. Fernanda aconselha que seja realizada uma busca por instituições semelhantes à área de atuação. Como o INCAvoluntário contribui com a melhoria da qualidade de vida de pacientes com câncer e seus acompanhantes, faz sentido procurar o GRAACC, que apoia crianças e adolescentes acometidos pela doença. 

Uma simples pesquisa na internet pode ajudar a encontrar referências para fazer benchmarking colaborativo e também é possível contatar organizações que servem de inspiração para outras. Outra recomendação é acessar redes sociais de outras instituições para descobrir mais detalhes sobre suas atividades.

“Não podemos esquecer que temos uma ferramenta muito potente que são as redes sociais para ver o que outras organizações fazem. Ninguém faz nada sozinho, acho que o trabalho em rede é fundamental. Temos mais chances de crescer e esse apoio mútuo acaba fortalecendo o Terceiro Setor como um todo porque vamos buscando inspirações e nos fortalecemos enquanto organização, pessoa e o próprio Terceiro Setor”, afirma Fernanda.

Participe de eventos e faça cursos

Outra dica é participar de eventos e realizar cursos para fazer networking no setor de impacto. Além disso, ambos mantêm os profissionais atualizados com práticas, inovações e tendências do setor, tornando-os mais qualificados para aumentar o impacto das organizações nas quais trabalham.

Fernanda participa do Festival ABCR e é membro da Conexão Captadoras, rede de atuação colaborativa entre captadoras de recursos, o que funciona como uma ponte para estabelecer contatos com outras instituições.

Comunique-se

Não existe apenas um método para procurar outras OSCs para fazer benchmarking de cooperação. Em alguns casos, mostrar interesse através de uma mensagem nas redes sociais é o suficiente, mas frequentemente pode ser necessário procurar alguém que tenha mais proximidade com a organização para fazer essa ponte. 

Seja qual for o meio adotado, o importante é que as organizações criem oportunidades para a difusão de seus conhecimentos. Fernanda relata que, neste ano, o INCAvoluntário observou um boom de benchmarking e realizou tanto reuniões online como presenciais. Ela acredita que a pandemia aumentou a conscientização sobre o papel do terceiro setor e que as OSCs têm atuado de maneira cada vez mais colaborativa.

Investir no aperfeiçoamento contínuo é uma ótima maneira de fazer networking. Veja outras vantagens da prática.

Texto publicado pela Captamos, editoria da ABCR de conteúdos aprofundados sobre mobilização de recursos para causas.

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