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Captação de recursos em situações emergenciais

O estado do Rio Grande do Sul enfrenta uma grave crise gerada por eventos climáticos e decisões políticas, o que destruiu comunidades e afetou milhares de vidas. Organizações sociais de todo o Brasil se mobilizaram rapidamente para oferecer ajuda, mas a necessidade de recursos é imensa e constante. Em resposta a essa situação, a Ago Social realizou uma live com Thiago Massagardi, consultor e sócio fundador da Everest Fundraising, para discutir estratégias eficazes para captação de recursos em situações emergenciais.

Durante a live, Thiago e Alexandre Amorim, co-fundador da Ago Social, destacaram a urgência de ações estruturadas e a importância de um planejamento prévio para situações emergenciais. Eles discutiram exemplos práticos e forneceram orientações sobre como organizações podem se preparar melhor para futuras crises, garantindo que estejam prontas para responder rapidamente e com eficácia. A seguir, destacamos os principais pontos abordados na live.

Preparação Antes da Crise

1. Estruturação de plataformas de arrecadação e CRM: Thiago enfatizou a importância de ter uma plataforma de arrecadação já estabelecida, com sistemas de pagamento integrados (cartão de crédito, boleto, PIX). Isso permite uma resposta rápida e eficiente quando a crise ocorre, evitando problemas técnicos que podem atrasar a captação de recursos. “Quando a gente está vivenciando a crise, muitas vezes a gente não tem tempo de subir uma plataforma de doação ou de criar uma campanha para que a gente consiga arrecadar,” explicou Thiago. Ele mencionou plataformas como TrackMob, Doação Solutions e Doare como opções.

2. Planejamento estratégico: Organizações devem antecipar possíveis crises e desenvolver planos de contingência. Isso inclui a identificação de potenciais parceiros e a criação de simulações de resposta a crises para garantir que estejam preparadas quando uma situação de emergência surgir. “É importante que a gente consiga pensar um pouco antes. E pensar isso durante o percurso, o que a gente pode fazer, e depois – o que a organização pode fazer para garantir que ela consiga gerar sua sustentabilidade financeira”, disse Thiago.

Durante a Crise

3. Avaliação do envolvimento na crise: Thiago indica avaliar se a organização está realmente envolvida na crise antes de iniciar campanhas de captação. Se não estiver diretamente afetada, é melhor apoiar organizações que estão na linha de frente, evitando ações que possam ser percebidas como oportunistas. 

4. Formação de comitês de acompanhamento: Criar comitês para monitorar as doações e despesas garante transparência e eficiência no uso dos recursos. Isso ajuda a manter a confiança dos doadores e evita problemas legais futuros.  “Se você tem um grupo que está ali, de uma certa forma, fiscalizando, ajuda a gente a ter um pouco mais de cuidado na hora de usar esse dinheiro,” disse Thiago.

5. Parcerias estratégicas: Thiago destacou a importância de buscar parcerias com outras organizações que possam ajudar na captação de recursos ou na distribuição de ajuda. Essas parcerias podem facilitar a logística e a gestão de grandes volumes de doações.

6. Diversificação de canais de doação: Oferecer múltiplas opções de doação (PIX, cartão de crédito, boleto) facilita a contribuição de diferentes perfis de doadores. Thiago também sugeriu o uso de redes sociais e contatos pessoais para amplificar as campanhas.

Após a Crise

7. Prestação de Contas: Thiago recomendou a realização de uma prestação de contas detalhada, não apenas financeira, mas também social, mostrando o impacto das doações. Isso pode ser feito através de relatórios, redes sociais, e-mails e até visitas guiadas. “Prestar contas para todo mundo que doou, se você conseguiu coletar os dados dessas pessoas, mas para a sociedade como um todo. Isso é importante praticar o tempo todo”, afirmou.

8. Cultivo de Relacionamentos com Doadores: Transformar doadores pontuais em doadores recorrentes é essencial. Manter um relacionamento contínuo com os doadores, informando-os sobre os resultados alcançados, ajuda a construir uma base de apoio sólida para futuras crises. “Se você tem a plataforma e consegue coletar o e-mail e o telefone, maravilha. Se você não tem e você está recebendo via Pix, hoje os bancos permitem você ter acesso ao CPF das pessoas lá no extrato bancário. Então, pegue esse CPF e faça o enriquecimento dessa base,” recomendou Thiago.

9. Criação de fundos de reserva: Thiago sugeriu a criação de fundos de emergência, permitindo que as organizações se preparem financeiramente para futuras crises. Isso pode ser feito através de doações programadas e a construção de um fundo robusto ao longo dos anos. “As pessoas acabaram de presenciar isso e elas estão sensíveis. Então, vamos tentar mostrar para elas que antes de precisar chegar lá de novo, porque a gente não pode já ir estruturando isso?”.

A preparação antecipada, a resposta coordenada durante a crise e a transparência no pós-crise são elementos-chave para a captação de recursos em situações emergenciais. A gravação da live está disponível no Youtube: www.youtube.com/watch?v=qb0oieelRPg

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