“O cenário político mexe com a percepção estrangeira. Isso faz com que seja muito importante a transparência, apresentar quais são suas fontes de recursos e como você os têm usado”, afirma a consultora Karina Isoton, especializada em terceiro setor. Ela completa: “O impacto da organização é a primeira coisa que financiadores no exterior olham. Não é apenas explicar o que faz. Eles querem ver, em números, os resultados que seu trabalho produz.”
E a preocupação com o impacto não se restringe apenas ao momento em que está ocorrendo o financiamento internacional. Os investidores querem que o trabalho continue, mesmo quando já não estiverem mais a seu lado. “Eles gostam de saber que, no futuro, haverá outras fontes capazes de garantir a sustentabilidade do projeto e da organização. Se não é diversificado agora, precisa mostrar como vai diversificar depois”, destaca Karina.
Pesquisar é preciso
A consultora diz que também é importante saber com quem falar, e isso exige pesquisa. “Não adianta entrar em tudo quanto é edital estrangeiro que abre. É necessário saber quais são as organizações que destinam recursos para sua causa, quanto elas têm doado, com que periodicidade e, até mesmo, saber porque eventualmente não está havendo financiamento para a região onde você atua”, orienta.
Captar no exterior, portanto, não é tarefa simples. Na avaliação de Karina Isoton, é preciso, no mínimo, ter uma pessoa na organização dedicada a isso. “É sempre bom também consultar um advogado tributarista para que não ocorram problemas na hora de trazer recursos de fora.”
Apesar de todas as exigências, os benefícios compensam o esforço. Além disso, não favorecem apenas a sustentabilidade da organização. “Obter financiamento internacional também significa mais independência política para atuar em seu país”, finaliza Karina.