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Pequenos negócios como aliados de grandes causas: como envolver o comércio local no apoio a iniciativas sociais

Apoiar uma causa social não é exclusividade de grandes empresas ou marcas conhecidas. Pequenos negócios e comércios de bairro também podem ser parceiros valiosos para organizações que atuam em comunidades, seja por meio de doações, serviços ou mobilização de clientes e funcionários. Mas como convencer comerciantes locais a se engajarem? Quais estratégias funcionam melhor nessa articulação? Experiências de organizações como a ONG ABC Novo Mundo, em São Paulo (SP), e a Associação União de Amigos em Ação – UNIAÇÃO, de Itapecerica da Serra (SP), mostram que o comércio de bairro pode ser um aliado estratégico.

Articulação com voluntários

A ONG ABC Novo Mundo estruturou sua cozinha comunitária em meio à pandemia, quando percebeu a crescente necessidade de garantir alimentação para famílias em situação de vulnerabilidade. Sem recursos iniciais, a alternativa foi buscar apoio em mercados, açougues e restaurantes da região. “Nossa articulação partiu dos voluntários, pois não tínhamos verba para manter a cozinha. Passamos a pedir doações de alimentos aos comércios locais, além de contar com o apoio de redes como Ação da Cidadania”, conta a presidente da ONG, Sara Paganotti.

A estratégia deu certo e os apoios foram se diversificando. Pequenos negócios não apenas contribuíram com insumos para a cozinha, mas também ajudaram financeiramente. Um dos exemplos foi o de uma empresária do ramo de eventos que fez uma doação para compra de materiais essenciais, como embalagens para marmitas e alimentos.

Além disso, comerciantes locais contribuíram regularmente para as ações da ONG, garantindo a continuidade da distribuição de refeições. Pequenos mercados e açougues do bairro ajudaram com doações de ingredientes para os lanches das crianças, enquanto outras doações financeiras possibilitaram a compra de embalagens e alimentos. Esses apoios complementaram o fornecimento diário de refeições, que hoje chega a cerca de 450 marmitas por dia, e possibilitaram a compra de fogão e geladeira.


Programa de descontos para associados

Já a UNIAÇÃO, que atua no combate à desigualdade social e à fome em Itapecerica da Serra, adotou um modelo diferente para envolver o comércio local. A organização criou um programa de fidelização em que os estabelecimentos parceiros oferecem descontos para os associados da instituição, incentivando o consumo e fortalecendo a economia local. “O que ajudou a convencer os comerciantes foi a ideia de que, ao gerar economia local, o aumento do consumo poderia criar mais empregos na região”, explica a presidente da UNIAÇÃO, Nenê Ramalho.

Segundo Nenê, um dos desafios iniciais foi convencer a população mais velha a aderir ao programa. No entanto, a possibilidade de apoiar os estabelecimentos do bairro e, ao mesmo tempo, gerar oportunidades de emprego para filhos e netos fez com que a adesão aumentasse gradativamente. “O resultado foi o crescimento na procura para se associarem à instituição, obterem o cartão da UNIAÇÃO e participarem dos diversos projetos que oferecemos. Começamos em 2022 com 30 associados e hoje temos 140, com 25 comércios parceiros”, completa.

O que faz a diferença na mobilização de pequenos negócios?

Para organizações que buscam apoio do comércio local, a transparência e a persistência são fatores essenciais para conquistar e manter esses apoios. No caso da ONG ABC Novo Mundo, a prestação de contas e o compartilhamento de fotos e relatos das ações sociais foram fundamentais para garantir a confiança dos comerciantes. “Sempre que recebemos algo, prestamos contas por meio de fotos e relatos. Além disso, mostramos às pessoas a importância da causa e como essas famílias precisam desse suporte”, explica Sara.

A persistência também é necessária, já que a captação de apoio pode envolver muitas negativas antes de conseguir parceiros engajados. “Não podemos desistir apenas porque uma porta não se abriu. Seguimos acreditando que é possível e, aos poucos, novas parcerias vão surgindo. Hoje, temos uma cozinha pequena, mas aconchegante, com um perfil de cozinha industrial que nos permite atender a comunidade e ainda oferecer cursos que geram emprego e renda”, relata Sara.

O caso da UNIAÇÃO também demonstra a importância de oferecer algo em troca para os pequenos negócios, seja visibilidade, fidelização ou benefícios concretos para a comunidade. A ideia de um sistema de descontos para associados fortaleceu a relação entre a organização e os comerciantes locais.

Dicas para envolver o comércio local da sua comunidade

Engajar pequenos negócios no apoio a causas sociais pode ser desafiador, mas algumas estratégias baseadas nos exemplos da UNIAÇÃO e da ABC Novo Mundo podem facilitar esse processo:

  • Personalizar o contato: Pequenos negócios valorizam relações diretas e próximas. Uma conversa presencial pode ser mais eficiente do que um e-mail genérico.
  • Destacar o impacto: Mostrar claramente como a contribuição do comerciante pode transformar vidas. Relatos e fotos ajudam a dar credibilidade.
  • Oferecer contrapartidas: Um selo de parceiro social, divulgação da marca ou até a fidelização de clientes engajados podem ser incentivos valiosos.
  • Criar redes de apoio: Quando um comerciante vê outros participando, a chance de aderir aumenta. Buscar apoio coletivo pode ser uma boa estratégia.


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