A Charities Aid Foundation (CAF) promoveu, em fevereiro, o “International Roundtable 2011”, uma série de encontros para discutir a situação do desenvolvimento da filantropia nos países emergentes. Márcia Kalvon Woods, diretora executiva do IDIS, esteve no evento, em Londres, e apresentou duas palestras sobre o cenário brasileiro e as possibilidades de crescimento da filantropia no País.
O encontro teve a participação de empresas, organizações da sociedade civil e cidadãos com grande patrimônio líquido investido.
“O Brasil, a Rússia e a Índia são países em desenvolvimento que têm uma economia crescendo, com indicadores favoráveis. E, com isso, o surgimento e o fortalecimento da filantropia são mais expressivos”, afirmou Márcia. Segundo ela, a filantropia mundial entende que essas nações possuem um ambiente desafiador, que ainda sofre com a falta de informação e de transparência no setor.
Segundo um estudo da McKinsey, o montante movimentado pela filantropia do Brasil pode chegar a US$ 9,4 bilhões (R$ 15,9 bilhões), passando de 0,3% para 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2009, as doações somaram US$ 4,7 bilhões (R$ 7,9 bilhões).
Em sua apresentação, Márcia lembrou que, nos últimos 20 anos, a filantropia brasileira foi conduzida por corporações. O avanço foi impulsionado pelo ambiente favorável gerado pela redemocratização e pelo crescimento de uma sociedade civil mais participativa. Mas, a falta de informação e de incentivos ainda retardam o desenvolvimento do setor. Entre os pontos que Márcia apontou como importantes para promover uma mudança na filantropia no País estão o baixos níveis de profissionalismo, a falta de incentivos fiscais e a necessidade de conscientizar a população sobre a importância das doações.
Márcia ressaltou que é preciso atuar em todas as áreas, em conjunto. “Não adianta trabalhar uma coisa ou outra. As coisas são interligadas. Não adianta, por exemplo, incentivar a doações e não ter uma sociedade civil fotalecida e que consiga fazer uma boa utilização desses serviços.”
Nas palestras, também foram apresentados casos de sucesso no Brasil, como a luta contra o câncer de mama promovida pela Avon, que conseguiu levantar R$ 25 milhões desde 2003, e a reestruturação da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, uma organização familiar que começou sua atuação em 1965 sem um planejamento consistente e reestruturou seu modelo em 2005, tornando-se referência em governança.
Confira as apresentações (em versão PDF), acessando os links abaixo:
How emerging nations are embracing philanthrophy
FONTE: IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social