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CAMPANHA DIITAL

Como transformar o Dia de Doar em uma campanha digital que aproxima e engaja pessoas

A menos de um mês do Dia de Doar, que este ano será celebrado em 2 de dezembro, organizações e grupos sociais de todo o país intensificam seus preparativos para mobilizar doações e inspirar gestos de generosidade. O movimento representa uma oportunidade de fortalecer vínculos, cultivar a cultura de doação e colocar em prática estratégias que tornam a solidariedade parte do cotidiano. Durante o 5º Encontro de Comunicação e Captação de Recursos, o líder nacional do Dia de Doar, Phelipe Sales, falou sobre como as organizações podem aproveitar o momento para impulsionar suas campanhas no ambiente digital e consolidar relacionamentos com doadores e apoiadores.

O Dia de Doar é a versão brasileira do Giving Tuesday, movimento global presente em mais de 100 países. No Brasil, é liderado pela ABCR com o objetivo de incentivar a cultura de doação como prática cotidiana. Essa cultura, reforça Phelipe, não se resume a uma ação pontual, mas deve ser cultivada com constância e envolvimento. Em vez de insistir apenas na necessidade de recursos, o foco pode estar em contar histórias reais, compartilhar bastidores e mostrar o impacto cotidiano do trabalho. Pequenos gestos, como publicar nos stories o preparo do lanche para as crianças ou a entrega de uma cartinha de Natal adotada, ajudam a criar vínculos.

Estrutura mínima para o digital

Um dos pontos centrais da fala de Phelipe Sales foi a importância de que, mesmo com poucos recursos, as organizações tenham uma estrutura mínima, mas funcional, para atuar no ambiente digital. Esse conjunto de elementos básicos, acessíveis e muitas vezes gratuitos, pode fazer a diferença entre campanhas improvisadas e uma presença estratégica, capaz de gerar doações e relacionamentos duradouros.

O primeiro desses elementos é uma página de doação ativa e simples, que facilite a contribuição das pessoas interessadas. Não é necessário ter um site sofisticado: existem plataformas que oferecem ferramentas específicas para o Terceiro Setor. O mais importante é garantir que o link para doação esteja disponível, funcione com segurança e permita opções como doação única ou recorrente. “Se você tem dentro do seu banco uma inteligência de dados para saber quem doou, ótimo. Mas se não tem, existem plataformas gratuitas que fazem isso por você”, orientou Phelipe.

Outro recurso essencial é o uso do WhatsApp de maneira estratégica. O Brasil é um dos países que mais utilizam o aplicativo e ele pode ser um aliado valioso na comunicação com doadores e apoiadores. Enviar mensagens de agradecimento, lembretes, conteúdos periódicos ou até mesmo prestar contas de forma informal são formas de manter o vínculo com quem contribuiu. O importante é tratar o WhatsApp não apenas como um canal de emergência, mas como parte do processo de relacionamento.

As redes sociais também fazem parte dessa estrutura mínima. Não é necessário postar todos os dias, mas manter um ritmo consistente, com uma identidade visual coerente e conteúdos que mostrem o impacto do trabalho, ajuda a gerar engajamento real. “Para de se preocupar com a quantidade de seguidores. Você tem que se preocupar com o engajamento desses seguidores, com como eles estão compartilhando suas iniciativas”, afirmou.

Outro item que completa esse conjunto básico é o uso de um CRM — sigla para Customer Relationship Management, ou seja, uma ferramenta de gestão de relacionamento com os apoiadores. Pode ser um sistema específico ou algo mais simples, como planilhas de Excel ou Trello. O importante é registrar os dados das pessoas que já tiveram algum contato com a organização: nome, e-mail, telefone e histórico de interação. Isso permite retomar conversas, personalizar convites e dar continuidade aos vínculos que vão sendo criados.

Por fim, Phelipe ressaltou a necessidade de manter prestação de contas periódica. Mostrar com clareza o que foi feito com os recursos recebidos ajuda a gerar confiança e reforça o senso de pertencimento. Essa devolutiva pode ser feita por e-mail, WhatsApp, nas redes sociais ou mesmo em encontros presenciais. 

Comunicação acessível e com baixo custo

A limitação de orçamento é uma realidade comum entre organizações da sociedade civil, mas isso não precisa ser um impeditivo para desenvolver uma comunicação digital consistente e planejada. Phelipe destacou, por exemplo, o uso do Canva, plataforma de design que oferece conta gratuita para organizações sem fins lucrativos, com acesso a templates, banco de imagens e funcionalidades avançadas. Para obter o benefício, basta que a instituição envie seu estatuto ou número de CNPJ e aguarde a validação. Com isso, é possível produzir peças visuais com qualidade e agilidade, mesmo sem designer profissional.

Além da criação, Phelipe também chamou atenção para a programação das postagens ao longo do ano e recomendou o uso de ferramentas como o MLabs, que permite o agendamento de conteúdos em diversas redes sociais, incluindo Instagram, Facebook e LinkedIn. “Dentro do MLabs, você consegue compartilhar em todas aquelas redes sociais ao mesmo tempo. […] Você ainda pode fazer melhor. Pega esse final do ano agora, faz um convite para algumas pessoas para serem voluntárias para criar algumas artes, para que você poste durante o ano inteiro”.

Ele sugeriu que a organização defina desde já os temas prioritários e datas importantes, e monte uma frente de trabalho com voluntários para antecipar os materiais que serão usados ao longo de todo o ano. O cálculo apresentado por Phelipe parte da meta de publicar ao menos quatro vezes por semana, o que resulta em aproximadamente 200 artes por ano. A ideia é que as peças abranjam tanto datas comemorativas (como Dia da Mulher, Dia da Criança, Dia da Consciência Negra), quanto campanhas próprias da instituição, ações de agradecimento, prestação de contas, divulgação de eventos e outros conteúdos que mantenham o público engajado ao longo do ano.

Redes sociais como espaço de comunidade e mensuração de impacto

No ambiente digital, a comunicação não deve se limitar a publicar conteúdos de forma esporádica ou institucional. Durante a palestra, Phelipe defendeu que as redes sociais devem ser vistas como espaços de construção de comunidade, onde as organizações sociais conversam com seus públicos e criam vínculos de pertencimento. Ele destacou que o desafio está em transformar presença digital em ação e engajamento real, indo além da exposição.

Segundo Phelipe, é comum que as organizações se concentrem na necessidade de “postar”, sem pensar na continuidade dessa relação. O resultado é uma comunicação que não gera vínculo. “Não é só sobre postar as mensagens”, ele afirmou. “É sobre converter o seu propósito em ação”.

Essa conversão, segundo ele, depende da regularidade, da clareza sobre o propósito e da presença ativa nos canais em que o público está. Um ponto importante é a capacidade de mensurar os resultados por meio de dados sobre clique, visualização, curtida e comentário — que podem ser acompanhados em tempo real, permitindo que as organizações ajustem suas estratégias com mais agilidade. 

Influenciadores locais e ações de impacto rápido

No bloco final de sua apresentação, Phelipe Sales abordou duas estratégias complementares para potencializar campanhas digitais: o uso de microinfluenciadores e a realização de ações relâmpago. Ambas são acessíveis, especialmente para organizações com poucos recursos e se baseiam na ideia de engajamento direto com nichos e comunidades.

Ao falar sobre influenciadores, Phelipe questionou a crença comum de que só perfis com centenas de milhares ou milhões de seguidores têm valor para campanhas sociais. Ele propôs que as organizações invistam em pessoas que já têm alguma presença nas redes e atuam em nichos específicos, mesmo que pequenos. O argumento é que o envolvimento com influenciadores menores pode ser mais viável, mais próximo e muitas vezes mais autêntico, com chances reais de criar vínculos duradouros. Eles podem ser convidados a visitar a organização, participar de uma ação pontual ou simplesmente divulgar uma campanha em suas redes.

Em seguida, Phelipe tratou das chamadas ações relâmpago — campanhas de curta duração, geralmente com até sete dias, focadas em metas específicas e com comunicação intensiva. Esse modelo se diferencia das campanhas longas e genéricas por estimular urgência e engajamento rápido, além de facilitar a mobilização da equipe envolvida. A recomendação é que essas campanhas tenham objetivos bem definidos, como a compra de um equipamento, a cobertura de um custo emergencial ou a arrecadação de recursos para uma atividade específica e que sejam amplamente divulgadas nas redes sociais, com atualizações frequentes ao longo dos dias.

Precisa de mais dicas?

O Dia de Doar também oferece uma série de ferramentas e materiais de apoio gratuitos, como identidade visual, modelos de releases, jingles e peças para redes sociais. Tudo pode ser adaptado pelas organizações para fortalecer suas campanhas e ampliar o alcance das ações. Os conteúdos estão disponíveis no site www.diadedoar.org.br.

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