No momento, você está visualizando Capacitação do captador vai além de formação

Capacitação do captador vai além de formação

  • Autor do post:
  • Categoria do post:ABCR

A sessão sobre a capacitação profissional, realizada durante o Festival ABCR, na tarde de quinta (dia 07), apontou que o tema vai muito além da formação do captador. De seu reconhecimento acadêmico e legal ao ecossistema que envolve o ofício, o debate ainda questionou a capacidade dos profissionais de construírem uma agenda coletiva para a transformação social que almejam.

Com a participação do fundador do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (lDIS), Marcos Kisil, o diretor-executivo do Instituto Arapyaú, Marcelo Furtado, e o diretor da ABCR, João Paulo Vergueiro, a discussão mostrou os impasses da regulamentação profissional.

Vergueiro lembrou quando contatou o Ministério do Trabalho para reivindicar a inclusão do captador no Código Brasileiro de Ocupações, mas como resposta veio a pergunta: quem é esse profissional? “A gente não sabia o perfil do profissional ou tínhamos uma proposta de currículo mínimo”, disse o ex-presidente da ABCR.

Por outro lado, entende-se que esse profissional, uma vez capacitado, pode ir além, não apenas por conhecimentos adquiridos, mas nos resultados de seu trabalho. Vergueiro defendeu, assim, uma certificação. “Não vai existir uma graduação de captador, ela é pós. A gente se forma em comunicação, administração, ou outra área, e depois se especializa”, defendeu.

Um dos caminhos para isso é seguir o exemplo da norte-americana Associação de Captadores Profissionais (AFP, na sigla em inglês), como pontuou Kisil, ao apresentar as habilidades consolidadas pela organização, que tem 50 anos de trabalho. Capacidades que envolvem a construção de relações, liderança, juízo profissional (conhecimentos empíricos e técnicos) e gestão organizacional.

Da leitura do indivíduo para o setor, Kisil argumentou que há uma segmentação na base social e um problema grave de liderança, em que os captadores são um dos atores. “Como vamos criar essa agenda coletiva comum?”, questionou.

Na visão de Furtado, existe uma falta de visão do ecossistema, em que indivíduos e diferentes setores fazem parte. “Não me importa que a captação de recursos seja ou não formalizada. Vejo a todos nós como mobilizadores e cabe a todos nós fazer isso. Senão ninguém sobrevive”, enfatizou.

Para ele, a comunicação do nosso ecossistema não está conseguindo montar uma agenda setorial comum, muito além do interesses de pequenos grupos. Daí a necessidade de consolidar uma responsabilidade compartilhada. “Sozinhos os captadores não vão conseguir aumentar 25 milhões de doadores para 70 milhões”, afirmou, reiterando o trabalho coletivo entre setores.

A sessão também deixou claro aos participantes que a captação não pode ser vista apenas como dinheiro. “Se apenas pensarmos assim, estamos, na minha opinião, diminuindo a crença do mobilizar para transformar. Pode existir outros recursos além de dinheiro”, alertou Furtado.