Ferramentas gratuitas lançadas pelo Prosas mostram quem são os maiores captadores e investidores de recursos incentivados.
Para quem trabalha com captação de recursos, identificar potenciais investidores e entender as dinâmicas regionais de financiamento é fundamental para a construção de estratégias assertivas. Em 2024, os mecanismos de incentivo fiscal no Brasil Lei Rouanet e a Lei de Incentivo ao Esporte alcançaram patamares históricos de captação. Pela primeira vez, os projetos culturais movimentaram cerca de R$ 3 bilhões, enquanto o financiamento esportivo superou a marca de R$ 1 bilhão.
Para fortalecer a transparência e qualificar o debate sobre o uso desses recursos, a Prosas lançou dois painéis interativos gratuitos: o Painel da Rouanet e o Painel do Esporte. As plataformas, gratuitas e abertas ao público, organizam os dados públicos de forma visual e acessível, permitindo o acompanhamento detalhado das iniciativas apoiadas, quem investe, onde os recursos são aplicados e qual o impacto regional. Para captadores, isso significa uma poderosa ferramenta para identificar potenciais parceiros e mapear possibilidades de novos projetos.
Crescimento recorde e maior descentralização regional
Os números de 2024 apontam um crescimento significativo na captação de recursos. Pela primeira vez, a Lei Rouanet chegou à marca de R$ 3 bilhões, enquanto a Lei de Incentivo ao Esporte superou R$ 1 bilhão. Além disso, os painéis revelam uma leve descentralização nos investimentos, com o Sudeste reduzindo sua participação de 78% para 71,9% na cultura e de 74,7% para 68,4% no esporte.
Principais beneficiários e investidores
No cenário cultural, instituições como MASP, OSESP e Instituto Inhotim lideram os repasses. Entre os principais investidores destacam-se Vale, Petrobras, Itaú, Nubank e Shell. A Vale foi responsável por R$ 189,7 milhões em patrocínios culturais via Lei Rouanet, enquanto a Petrobras contribuiu com R$ 170,4 milhões para projetos culturais. O Grupo Itaú destinou R$ 122,8 milhões para a cultura, seguido pelo Nubank, que investiu R$ 112 milhões em projetos culturais. A Shell aparece com R$ 84,5 milhões, consolidando-se como um dos principais apoiadores privados de projetos incentivados.

Com essa informação, captadores podem identificar os principais investidores em cada segmento e entender quais organizações são bem-sucedidas em atrair esses recursos, buscando parcerias ou referências para suas próprias estratégias.
No cenário esportivo, os investidores mais expressivos nesse setor também incluem Vale, Petrobras, Itaú, Nubank e Shell. A Vale aplicou R$ 84,3 milhões no esporte, enquanto a Petrobras contribuiu com R$ 15,3 milhões. O Grupo Itaú destinou R$ 62,5 milhões, o Nubank investiu R$ 50,5 milhões e a Shell somou R$ 41,2 milhões. A distribuição dos investimentos revela um cenário promissor para projetos esportivos.

Impacto regional: onde os recursos são aplicados?
Apesar dos avanços, a concentração regional ainda é um desafio. No campo esportivo, a distribuição dos recursos apresenta uma concentração expressiva em algumas regiões e estados. Em 2024, o Sudeste captou 76,6% dos recursos incentivados, seguido pelo Sul com 13,4%, Nordeste com 3,9%, Centro-Oeste com 3,5% e Norte com 2,5%. Entre os estados, São Paulo lidera amplamente com 39,6% do total, seguido pelo Rio de Janeiro (14,6%) e Minas Gerais (12,3%).
No Sul, Paraná (5,4%), Rio Grande do Sul (5,3%) e Santa Catarina (4,7%) se destacam. Já no Nordeste, o Maranhão (2,0%) aparece como o estado que mais captou, enquanto na região Norte, o Pará (1,0%) lidera. No Centro-Oeste, o Distrito Federal (2,4%) concentra a maior parte dos investimentos.
No campo cultural, a concentração é ainda mais expressiva no Sudeste, que absorveu 71,9% dos recursos em 2024, seguido pelo Sul com 14,5%, Nordeste com 7,3%, Centro-Oeste com 3,7% e Norte com 2,7%. Entre os estados, São Paulo lidera com 38,9%, seguido por Rio de Janeiro (19,5%) e Minas Gerais (11,7%). No Sul, o Rio Grande do Sul (7,2%) e o Paraná (3,9%) aparecem como os maiores receptores de recursos. No Nordeste, o Ceará (2,3%) se destaca, enquanto na região Norte, o Pará (2,0%) é o principal captador. No Centro-Oeste, o Distrito Federal (2,3%) se mantém como o maior receptor de investimentos.
A análise dos dados revela que, embora os mecanismos de incentivo fiscal tenham alcançado recordes históricos de captação, a concentração regional ainda persiste como um desafio. O acesso facilitado às informações sobre investidores e projetos pode contribuir para estratégias mais direcionadas e fomentar o debate sobre caminhos para uma distribuição mais equilibrada dos recursos.
Leia também: Pesquisa sobre periferias e filantropia expõe necessidade de repensar modelos de financiamento
Texto publicado pela Captamos, editoria da ABCR de conteúdos aprofundados sobre mobilização de recursos para causas.