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Festival ABCR 2025 começa com celebração e mais de 30 palestras

A 17ª edição do Festival ABCR começou oficialmente nesta segunda-feira (16), em São Paulo, com uma cerimônia de abertura marcada por entusiasmo, reconhecimento e celebração. Este ano, o evento celebra os 25 anos da associação, que foi fundada em 1999 para fortalecer a profissão e o setor de mobilização de recursos no país. A programação do primeiro dia teve 35 palestras sobre temas como captação de recursos internacionais, inovação, governança, fortalecimento de organizações locais, mobilização para a causa indígena, captação de recursos livres, fundos patrimoniais, Inteligência Artificial e voluntariado, além de três plenárias: ABCR 25 anos; Planejamento Irracional; e Pitch de captação na Prática. 

“Todo Festival ABCR é especial pra gente, mas esse é ainda mais especial porque a ABCR está fazendo 25 anos, um quarto de século”, disse o diretor executivo Fernando Nogueira na abertura. Rafael Vargas, presidente do Comitê Científico do Festival ABCR, destacou o trabalho voluntário de curadoria feito por profissionais de referência na captação de recursos. “Nosso objetivo aqui é que você adquira novos conhecimentos, tenha uma grande experiência para voltar para sua organização e implementar as novidades”. Rafael também agradeceu à equipe do Comitê Científico, formada por Amanda Fazano, Andréa Peçanha, Carla Nóbrega, Danielle Torres, Danilo Jungers, Eduardo Filho, Eduardo Massa, Fagna Freitas e Luis Donadio. “Essa equipe é referência no setor e sem ela a gente não conseguiria entregar essa programação”, conclui Rafael.


Plenária especial

Na plenária especial ABCR 25 anos: uma jornada de captação, os convidados Marcelo Estraviz, João Paulo Vergueiro, Flavia Lang e Danilo Jungers refletiram sobre os caminhos percorridos pela ABCR e pela profissão ao longo das últimas décadas. 

João Paulo celebrou a existência de um Festival dedicado à mobilização de recursos para causas e que reúne mais de 1 mil pessoas engajadas em transformar a sociedade. Ele também lembrou do Pix Automático, que entrou em vigor no dia 16 de junho e representa um novo capítulo na captação com indivíduos. “A principal doação, aquela que mais faz diferença no dia a dia da organização e que mais gera vínculo, é a doação das pessoas que acreditam na nossa causa, no nosso trabalho. Não tem nada mais forte para uma organização do que ser financiada principalmente pelo recurso de quem está disposto a abrir mão do seu patrimônio para apoiar aquele impacto”.

Marcelo Estraviz, associado fundador e ex-presidente da ABCR, defendeu que a força de uma causa está no número de pessoas que a defendem, não apenas no volume de recursos que ela mobiliza. “É claro, é interessante a gente conseguir muito dinheiro de uma empresa. Mas talvez uma, duas ou três pessoas dentro daquela instituição foram as que nos apoiaram, que assinaram o cheque. A quantidade de pessoas sempre será mais importante”.

Flavia Lang, atual presidente da ABCR, reforçou o papel estratégico dos captadores dentro das organizações. “Porque não é só trazer o dinheiro. A mudança na sociedade acontece quando a gente conversa com todos esses doadores e eles entendem, se engajam, participam e mudam o seu próprio comportamento (…) Quando a gente faz as pessoas se sentirem conectadas, a gente cria vínculo com a causa”. 

Dados sobre profissionais de captação no Brasil

Em primeira mão, a ABCR apresentou resultados preliminares do Censo ABCR, pesquisa que mapeia o perfil dos profissionais de captação, suas práticas, desafios e perspectivas. Os dados foram apresentados por Fernando Nogueira e Ana Flavia Godoi, conselheira da ABCR e cofundadora da Conexão Captadoras, parceira na pesquisa. Com 270 respondentes de 23 estados, o levantamento mostra um setor majoritariamente feminino (dois terços), branco e heterossexual, com pouca presença de pessoas com deficiência (menos de 1%), o que revela um desafio importante para a diversidade na área. 

A formação é bastante diversa: 92% têm ensino superior, vindos de áreas como administração, direito, comunicação e serviço social, reforçando o caráter multidisciplinar da profissão. O perfil de experiência na área é bem variado. “Há desde jovens recém-chegados até profissionais mais experientes”, destacou Fernando. Entre os respondentes, 77 atuam com carteira assinada (CLT), mas apenas 22% estão formalmente registrados com a função de captador de recursos. Para Ana Flavia, esse dado reforça a importância de reconhecer a captação como uma atividade estruturante nas organizações. “A gente defende o quanto é importante a organização ter um captador registrado, cuidando da captação de forma perene”.

A pesquisa também evidenciou os principais desafios enfrentados pelos profissionais. Os mais citados foram a falta de tempo para se dedicar exclusivamente à captação, a ausência de reconhecimento estratégico por parte das organizações e a escassez de profissionais qualificados e recursos para investir na área. Apesar disso, o propósito aparece como forte motivador: muitos se dizem vocacionados. Também foi abordado o impacto da atividade na saúde mental: 35,4% relataram ansiedade ou depressão pontual, enquanto 12,7% disseram sofrer impactos significativos. Ana Flavia defendeu que o envolvimento da alta liderança é essencial para apoiar os profissionais. “A captação é processual. Precisa de dedicação, estrutura e saúde”, afirmou.

Os dados completos da pesquisa serão lançados em evento on-line no segundo semestre deste ano. 

Observatório do Terceiro Setor monta estúdio no Festival

Pela primeira vez, o Observatório do Terceiro Setor montou um estúdio de podcast dentro do evento. Em parceria com a ABCR, a maior agência multimídia dedicada à visibilidade das organizações da sociedade civil no Brasil gravou uma série de entrevistas ao longo do dia com membros da associação, personagens que marcaram os 25 anos da ABCR e especialistas em captação de recursos e gestão do terceiro setor. Todo o conteúdo estará disponível no canal do YouTube do Observatório: youtube.com/observatorio3setor.

Além das gravações, o Observatório aproveitou a ocasião para lançar oficialmente no site a nova seção  “Observadores”, que substitui o antigo “Observatório em Movimento”. “Escolhemos lançar o Observadores no Festival ABCR porque aqui estão diversos colunistas que colaboram com a nossa seção de opinião e eles são os verdadeiros protagonistas desse projeto”, destacou o superintendente da agência, Diego Scala.

Festa reúne mais de 300 pessoas

A festa de celebração dos 25 anos da ABCR, realizada na noite de segunda-feira, foi um verdadeiro sucesso e reuniu mais de 300 pessoas no topo de um dos prédios mais icônicos de São Paulo. O evento foi marcado por muita música, alegria e encontros entre profissionais que movimentam o Terceiro Setor em todo o país. O grupo Cornucopia Desvairada transformou o rooftop em um carnaval com sua fanfarra e repertório cheio de brasilidade. E, para fechar a noite, Fernando Rios e banda embalaram o público com clássicos da música brasileira. 

O Festival ABCR 2025 segue nesta terça-feira com muito mais palestras, plenárias e conexões. Saiba mais em festivalabcr.org.br

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