Pessoas sensibilizam-se mais com questões ligadas a saúde, indica a Pesquisa Doação Brasil, feita pelo Gallup e coordenada pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis). Os números divulgados em junho mostram que essa causa foi citada por 40% dos 2.230 entrevistados. A proporção pode ser ainda maior, pois outras áreas muito mencionadas – como a segunda, crianças (36%), e a quarta, idosos (21%) – também estão relacionadas a esse assunto.
Já entre as empresas a saúde é a terceira área que atrai mais recursos (11%), de acordo com a edição de 2015 do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (Bisc), da Comunitas. As áreas que lideram são patrocínio de eventos culturais (21%), ausente da lista das 15 causas que mais sensibilizam os cidadãos, e educação (16%), a sexta no ranking da Doação Brasil. O Bisc, que ouviu 312 empresas, 24 fundações empresariais e uma entidade representativa da indústria, também se debruçou sobre os institutos, que centralizam o investimento social de algumas corporações e fazem gestão de projetos. Nesses, a educação é disparado o tema mais relevante (70%), seguido de cultura (12%). Saúde é o nono (1%).
| CAUSAS QUE MAIS MOBILIZAM | |||
| Indivíduos | Empresas | Institutos | |
| 1º | Saúde | Cultura | Educação | 
| 2º | Criança | Educação | Cultura | 
| 3º | Fome e pobreza | Saúde | Geração de renda | 
| 4º | Idoso | Esporte/Lazer | Esporte/Lazer | 
| 5º | Situações emergenciais | Geração de renda | Formação técnica e profissional | 
Por que essa dissonância? “Os indivíduos tendem a focar mais nas necessidades imediatas, que sensibilizam, enquanto as empresas tendem a ser mais estratégicas e a pensar no relacionamento com a comunidade”, analisa Andréa Wolffenbüttel, diretora de comunicação e relações institucionais do Idis.
As duas especialistas não veem um problema nessa visão distinta entre pessoas e corporações. “Tanto educação quanto saúde são tidas por todos como problemas sérios. A diferença leva a uma distribuição melhor de recursos”, afirma Anna Maria. “É importante ter o investimento social corporativo, com uma visão mais estratégica, e o doador individual, que é quem acaba sustentando organizações que ninguém mais sustenta e que responde a um sofrimento mais imediato. Os dois se movem por bússolas diferentes, mas cada um tem sua função”, complementa Andréa.