No universo digital, um site funciona como um cartão de visitas de uma organização social. Ele deve apresentar informações sobre a missão da instituição, como seu trabalho é realizado, seus impactos, como as pessoas podem se tornar doadoras, entre outros dados.
Muitas vezes, o site é o primeiro contato das pessoas com o trabalho de uma instituição e, quanto mais o canal despertar a atenção do usuário, mais chances de a OSC conseguir mais voluntários e/ou doadores.
Engana-se quem acredita que, para isso, é necessário investir em recursos tecnológicos complicados ou incontáveis experiências visuais. Pelo contrário: a simplicidade deve ser a palavra-chave para facilitar a navegação. É o que aponta Augusto Simão, especialista em suporte para Web e WordPress. Habituado a trabalhar com organizações da sociedade civil, Augusto já ofereceu suporte para sites de instituições como Instituto Aliança Contra Hanseníase (AAL), Povos da Mata Atlântica, Instituto Legado e Centro de Assistência e Desenvolvimento Social (CADI).
Sua trajetória profissional percorreu diversos caminhos, ele já atuou como desenvolvedor, foi programador, empresário e atualmente auxilia entidades do setor social. “Isso começou de maneira natural, tenho um propósito muito alinhado ao terceiro setor e já participei de alguns trabalhos como voluntário. Tudo isso faz parte da minha filosofia de vida, acredito muito no trabalho dessas instituições. O Instituto Legado foi um parceiro e depois surgiram outros clientes”, conta.
Escolha o domínio org.br
De acordo com Augusto, as organizações sociais possuem uma visão equivocada sobre o domínio org.br. Muitas vezes, elas acreditam que é trabalhoso consegui-lo, mas não é. Para conseguir o domínio, basta que a OSC tenha CNPJ e documentação que comprove a natureza da instituição não governamental sem fins lucrativos. O domínio representa um reforço de autoridade e validação muito grande para o Terceiro Setor, por isso, caso a organização seja formalizada, deve considerar reservar o domínio mesmo que o utilize posteriormente.
Defina o objetivo do site
Augusto observa que as instituições precisam ter um objetivo muito claro para o site. Em algumas situações, não é o que acontece, pois há muitas demandas e uma visão difusa do propósito do site. Se o objetivo do site é receber doações, isso deve ser uma prioridade, o que significa também abrir mão de outras possibilidades. Atualmente, há plataformas onde é possível desenvolver sites sem a ajuda de pessoas especializadas, mas se a instituição quiser auxílio profissional, o indicado é procurar um desenvolvedor front-end.
“Há sites que não desejam receber doações e só querem ter presença digital. É muito claro que o principal propósito do site do Instituto Aliança Contra Hanseníase, por exemplo, é ser uma referência no combate à doença”, explica.
“Embora exista a intenção de receber doações, o foco não é esse. As pessoas que acessam o site conseguem ver como a instituição se posiciona em relação à doença,seu esforço em conseguir parcerias. O objetivo é transmitir a ideia da autoridade no assunto. Há instituições que querem arrecadar doações e a comunicação do site precisa girar em torno disso, que precisa ser facilmente acessado pelo usuário”, completa.
Invista na identidade da organização
A presença on-line, seja para arrecadar recursos ou para se tornar uma referência no tema, está vinculada à imagem da organização. Por isso, construir uma boa identidade com uma logomarca que reflita os valores da instituição é fundamental para torná-la mais atrativa para o público.
Encontrar profissionais qualificados para desenvolver esse trabalho exige investimento das OSC e é natural que, frequentemente, elas iniciem o site sem isso devido à escassez de recursos, mas é importante que esse aspecto seja solucionado na primeira oportunidade. Os cuidados com a identidade visual do site irão nortear todos os materiais distribuídos em redes sociais e em outros canais. Uma boa identidade transmite autoridade e uma sensação de segurança para o público, que sabe que os recursos doados à organização serão bem utilizados.
Facilite a navegação dos usuários
Quando acessamos um site, temos uma noção sobre onde procurar algumas informações. Algumas seções, como o menu, já estão consolidadas, e não há motivo para apostar em mudanças radicais nesse sentido. Informações bem organizadas e facilmente encontradas são uma das maiores qualidades de um site. “Não tente reinventar a roda a menos que você tenha uma ideia genial que surpreenda as pessoas”, frisa Augusto.
Os botões de chamada para ação, ou seja, aqueles que direcionam o público para realizar atos específicos como uma doação, no caso das OSCs, devem estar em mais de um lugar na plataforma e sempre em destaque.
Preste atenção a essas seções
Augusto destaca algumas páginas que merecem um cuidado especial dentro de um site de uma organização social. Ele explica que é importante inserir uma landing page (página otimizada para conversão de usuários) para receber as pessoas e que tenha o propósito único de receber doações. Nela, é interessante explicar as metas da organização, como funciona o processo de doação, como as pessoas podem ajudar a organização e saber onde acompanhar o impacto das contribuições.
É necessário ter o cuidado de fazer uma seção apenas sobre transparência e prestação de contas. “Parece óbvio dizer isso, mas já me deparei com diversas situações em que é difícil entender o que é feito com os recursos doados. Uma página sobre transparência mostra o impacto de uma maneira formal e pública”, diz.
Dedique-se apenas ao que pode ser regularmente atualizado
Um dos maiores erros das organizações é criar páginas e não atualizá-las regularmente. Normalmente, isso acontece com blogs, que deixam de ser alimentados devido à falta de tempo da equipe.
“Isso pode ter um efeito reverso porque quando você acessa um site e as informações são muito antigas, pode passar a imagem de que as coisas estão abandonadas, o que não pode acontecer. Se a ONG possui recursos e pessoas para trabalhar nisso regularmente, é bom ter essa seção. Quando a ideia não é colocada em prática, dê um passo para trás e dedique esforços para o essencial e volte a esses aspectos adicionais no futuro”, reforça Augusto.
Outro equívoco está relacionado à falta de conteúdo original. Tudo precisa ser profissional, pois o site faz parte de um ambiente digital que inclui outros canais como redes sociais e e-mail. A produção de conteúdo deve prezar pela originalidade, pelo cuidado com a linguagem e transmitir informações corretas.
Se a organização tiver condições, vale procurar profissionais de comunicação para promover melhorias nesse sentido. “É muito importante considerar pessoas que trabalhem com conteúdo para fazer a comunicação completa da instituição, o que é colocado nas redes sociais e a forma como isso é falado”, aponta Augusto.
Cuidado com o uso de imagens
A seleção e utilização de imagens é essencial para evitar problemas. Além de estarem adequadas aos valores e à missão das instituições, as fotografias precisam respeitar direitos autorais. Esqueça a ideia de fazer uma busca no Google para abastecer o site e invista na produção interna de fotografias. Outra alternativa é procurar bancos de imagens, que podem ser gratuitos ou pagos.
Agora que você já sabe como melhorar seu site, veja algumas dicas para torná-lo mais acessível
Texto publicado pela Captamos, editoria da ABCR de conteúdos aprofundados sobre mobilização de recursos para causas
