Marcelo Iñarra Iraegui, especialista em mobilização de recursos em organizações da sociedade civil, fala sobre o uso da internet e de novas ferramentas tecnológicas para obter doações e aumentar a participação de empresas e indivíduos na filantropia. Iñarra possui mais de 20 anos de experiência no setor e, atualmente, lidera sua própria consultoria de marketing social e estratégias de mobilização pública para organizações como a Anistia Internacional, o Greenpeace, UNICEF, Acnur e Action Aid.
(Entrevista conduzida pelo Portal IDIS) As ferramentas da internet podem contribuir efetivamente para estimular as doações e atrair colaboradores para as organizacões da sociedade civil? Sim. A internet é uma oportunidade única para se viver a experiência das organizações sociais. Este conceito é um dos pilares para isso. O outro é entender as necessidades e os desejos das pessoas. Quando conseguimos unir esses dois aspectos, os meios digitais se transformam em uma ferramenta muito poderosa. Resultado: êxito nas campanhas de captação de recursos, mobilização pública e mídia. Depois, temos o aspecto mais técnico: combinar as peças do nosso quebra-cabeças, como sites, landing pages, anúncios on-line, vídeo on-line, SMS, TV, rádio, intervenções urbanas. Primeiro, é precisa do público e, em seguida, da técnica de mídias digitais. A web oferece muita informação sobre ações sociais de organizações da sociedade civil, empresas prividas, governos e indivíduos. Como filtrar o que realmente interessa? Os doadores filtram a informação que os faz se sentirem bem, cobrindo suas necessidades ou desejo de ajudar. Também tem a ver com o tempo e com o contexto. O contexto é o rei. Uma campanha que não é perfeita e planejada pode ter um resultado muito melhor do que uma planejada por causa de um contexto que não é favorável. No meio digital, sair no momento adequado é a chave. Para isso, é preciso estar preparado. Como avalia a contribuição do marketing para as organizações conseguirem apoio e doações? O marketing é uma ferramenta vital para as organizações da sociedade civil. Em geral, ele é utilizado com pouco profissionalismo e as organizações colocam a culpa nisso antes de olhar para dentro e ver o que estão fazendo de errado em sua comunicação para envolver novas pessoas. O marketing, a comunicação e a captação de recursos precisam de investimentos e uma equipe altamente profissional para alcançar o sucesso. Até que nível as redes sociais influem nas estratégias de marketing das organizações sociais? Sem dúvida, os temas das redes sociais estão se transformando em ferramentas de criação de comunidades para qualquer tipo de organização. Quando o Facebook se torna o terceiro país do mundo, considerando sua população de 600 milhões de usuários, seu peso é muito forte. Não se pode esquecer que atrás de cada perfil existem pessoas que vivem e atuam fora desta rede social, buscando, novamente um equilíbrio entre o on-line e o off-line. As redes sociais ainda estão na sua infância em potencial de campanhas de financiamento. Existe pouca experimentação no setor social para captar recursos. A inovação é a chave, no Brasil e em todos os países onde eu trabalho. Até que ponto as tecnologias móveis, como celulares e tablets, podem ser eficientes como meios de captação de recursos? Em 2010, o número de celulares no mundo chegou a 4,6 bilhões. Especialistas acreditam que o número de pessoas que aderiram à banda larga móvel deva chegar a 1 trilhão este ano. Sem dúvida, o grande desafio é lidar com o pagamento móvel. Existe uma luta entre bancos, empresas de telefonia e de cartão de crédito que ainda será definida. Isso não vai impactar só as organizações sociais, mas também a vida de todos. Uma grande virada foi o fundaraising móvel verificado depois do terremoto no Haiti, em 2010, quando apenas a Cruz Vermelha americana levantou mais de US$ 32 milhões por SMS utilizando o modelo “text to give”. Bastava uma única doação de US$ 10, que foi cobrada na fatura do celular. O Brasil é um dos países com maior potencial para esta modalidade em termos globais, dada a sua altíssima penetração na população. FONTE: Portal IDIS