Pesquisa realizada pela ABCR nos meses e outubro e novembro descobriu que 1 em cada 6 organizações da sociedade civil não conseguiu abrir conta bancária nos últimos 12 meses, e que o Banco do Brasil é o banco mais procurado por elas. Esses são alguns do resultados das 60 respostas recebidas pela ABCR na pesquisa, cujo resultado é analisado abaixo por Eduardo Massa (ABCR 03784) e Luciano Marques (ABCR 02534), nossos associados e membros do Comitê ABCR Bancos.
Como bem sabemos, um processo teoricamente simples, tem sido muito difícil para as organizações do 3º setor. A abertura de contas correntes, além de ser um serviço primário para bancos, é vital para que cada organização possa ter o recebimento de doações, controle de fluxo de caixa, e claro, uma prestação de contas transparente para seus doadores e órgãos públicos.
Após relatos de dificuldades que vão desde a restrição de abertura de contas para instituições filantrópicas, a falta de retorno, prazos longuíssimos ou mesmo falta de conhecimento dos gerentes dos bancos, a ABCR levou o tema a Febraban e sua Sub-Comissão de Contas Correntes para debater o tema. Uma das necessidades percebidas, foi a de se fazer uma pesquisa que pudesse contar com mais detalhes e com a resposta de mais organizações para trabalharmos juntos com a federação dos bancos em soluções práticas para esta situação.
De início foi feito um Mistery Shopper onde os principais bancos foram visitados, e questionados sobre quais são os documentos necessários para a abertura de conta. Este seria o pontapé inicial da pesquisa, pois é onde não só os relatos pontuais, mas também a subcomissão da Febraban apontaram as maiores dificuldades. Por isso a pesquisa teve grande foco na documentação exigida.
A pesquisa foi disparada a base de organizações participantes da ABCR em 13/10 por e-mail e em 15/10 através de suas redes sociais. Tivemos um total de 60 organizações respondendo as perguntas.
Veja neste link o resultado da pesquisa e com este link a análise de cada resposta.
Conclusão:
De acordo com as respostas, 3 tipos de problemas foram detectados:
1 – Problemas processuais: Uma falha ou incoerência intrínseca do processo que inviabiliza ou prejudica o objetivo principal da solicitação.
2 – Problemas de comunicação e treinamento: Falhas não inerentes ao processo, mas sim que dizem respeito a capacitação, conhecimento ou disciplina de um determinado funcionário do banco para atender a solicitação
3 – Problemas institucionais: Não atendimento de uma necessidade por uma característica inerente ao banco e ao 3o setor
As incidências de tipos de problemas apontam que a maior razão se concentra em comunicação e treinamentos internos do banco para o processo de abertura de conta por organizações filantrópicas (10 contra 7 de processos e 1 institucional). As respostas mostram falhas em menor escala mas de alto impacto quanto a total execução de processos padronizados pelos gerentes de agência não sinalizarem adequadamente a necessidade de determinados documentos (como estarem atualizados), pedirem documentos que não são necessários e que atribuem grande trabalho ou mesmo inviabilidade para a organização e até mesmo questões institucionais/culturais poderiam ser resolvidas como um treinamento adequado como taxar sumariamente a resposta do banco a impossibilidade de abertura de conta a generalizada’ corrupção do setor e assim acabar com a história de que apenas um gerente gente boa que me atendia podia abrir a conta, pois ninguém sabe de mais nada.
Os problemas de maior complexidade são os processuais que remetem a algum tipo de consulta de potencial de crédito a abertura de conta como a consulta ao SCR que em alguns bancos é considerado padrão interno e podem até condicionar a abertura de conta a algum tipo de análise da agência quanto a movimentação bancária da ONG. Se isso não for uma normativa BC (e tudo aponta que não é) não já porque esse procedimento existir se a ONG não esta solicitando crédito.
Pela a análise, um trabalho de comunicação nas agências, com materiais explicativos, comunicado da liderança e treinamento, poderiam se não resolver atenuar grande parte dos problemas enfrentados pelas organizações do terceiro na abertura de contas e uma vez que esteja validada pelo BC a não obrigatoriedade de análise de potencial de crédito para a abertura de contas isso pode ser repassado institucionalmente para os bancos que hoje praticam esse procedimento como padrão.
Outro ponto sinalizado apenas nos verbatins mas de suma importância, é o peso legal que um Estatuto Social possui, e porque para uma ONG ele é tão importante e suas diferenças entre uma certidão comercial. Embora isso não tenha sido sinalizado nos mystery shoppers, na menção da pesquisa e na sub-comissão de conta correntes da Febraban, isto foi colocado como uma dificuldade natural do gerente de conta para o entendimento e a execução de uma abertura de conta.
Próximos passos: Vamos encaminhar a pesquisa para a Sub-Comissão de Contas Correntes da Febraban para que ações de resolução possam ser encaminhadas, inclusive com retornos de curto prazo como ao que se refere a treinamentos. Sua opinião é muito importante, por isso se tiver dúvidas, comentários ou sugestões basta nos escrever para análise do Comitê ABCR Bancos.
Eduardo Massa (ABCR 03784) e Luciano Marques (ABCR 02534)