Na palestra magna que abriu as atividades do Festival ABCR na manhã do dia 07, o secretário-geral do GIFE, Andre Degenszajn, a diretora do Instituto Elisabetha Randon, Mauren Barbosa, e o diretor executivo do Instituto Cyrela, Aron Zylberman debateram a percepção das empresas sobre a captação de recursos e sobre o próprio papel dos profissionais. De forma direta, Degenszajn, como mediador da mesa, foi claro: “dificilmente se pode atribuir uma visão única das empresas. Esse campo é marcado pela diversidade e multiplicidade de das relações”.
E os dois palestrantes provaram isso. À frente de núcleos de inteligência social da Randon (peças automobilísticas) e da Cyrela (empresa de incorporação e construção), eles apresentaram práticas de trabalho e financiamento de projetos distintas, embora tenham áreas de atuação similares (educação).
Após apresentar um pouco da empresa, Mauren apontou os programas sociais que beneficiam filhos de colaboradores e crianças em vulnerabilidade social na comunidade (em que a Randon atua), a partir de educação infantil, iniciação profissional para jovens, qualificação para o mercado de trabalho e voluntariado. Assim, destina recursos a projetos que atendam essas áreas.
Além disso, a empresa possui um portal de patrocínios, que estabelece regras para o financiamento, avaliado por um grupo formado por pessoas da área social, comunicação e tributários, nas áreas de Cultura (Federal – art.18), Saúde (Pronon e Pronas) e Esporte. “Apoiamos projetos que serão realizados nas regiões em que a empresa atua”, lembrou.
Zylberman também admitiu que financia projetos que atendam o foco de atuação social da empresa: educação básica e profissionalizante de jovens e adultos. Um grande ponto de convergência, que exemplifica como anda os investimentos sociais do setor privado.
Para Andre Degenszajn, em casos como esses, é fundamental entender como a empresa se enxerga e como ela estabelece a relação com as organizações, que podem ocorrer como: apoio institucional, em que existe uma identificação com os objetivos da ONG, sem interferência do doador (o mais raro); financiamento por editais, que tende a facilitar a aproximação de organizações ou mesmo a seleção direta delas; e a parceria, que dá pouca clareza aos termos da relação, em que o doador investe tempo, expertise, financiamento, abre portas e se torna uma rede de interlocução. Daí a necessidade de entender o que a empresa é e como atua.
O secretário-geral do GIFE também fez algumas observações aos participantes: “ha uma tendência dos institutos, ou áreas de investimento social, de se aproximar mais ao negócio. Isso significa qiue as ações beneficiam a sociedade e a empresa. Além disso, a visão de empresas sobre as organizações está abaixo de todo um leque de opiniões, que vão das mais estereotipadas até as considerações positivas, mas não menos críticas. Por isso é importante a construção de confiança, como Zylberman colocou.
Em tempo: Maurien defendeu a legislação gaúcha com a Rede Parceria Social. De forma resumida, a iniciativa otimiza a Lei da Solidariedade, do Estado, que através da Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Social integra governo, empresas e setor social. Por meio dela, organizações, chamadas entidades-âncora, apresentam projetos ao Conselho Estadual de Assistência Social, financiados pela isenção de impostos das empresas. Em 12 meses de trabalho, as ONGs recebem também uma capacitação realizada pela ONG Parceiros Voluntários. Conheça! http://www.redeparceriasocial.rs.gov.br/.