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O que vai ser mais forte no setor segundo a visão de captadores de cada região do país

A captação de recursos 2025 traz novas oportunidades para organizações que buscam diversificar suas fontes de financiamento e ampliar seu impacto. Conversamos com um especialista de cada uma das regiões do país para conhecer diferentes perspectivas sobre as principais tendências do setor neste ano. O maior interesse de empresas em apoiar projetos fora do eixo Sul-Sudeste, o uso da tecnologia, incluindo inteligência artificial, WhatsApp e realidade virtual, além da captação voltada para questões socioambientais e o fortalecimento de parcerias intersetoriais são alguns dos temas destacados. 

Maior investimento em projetos fora do eixo Sul-Sudeste

“O ano de 2024, como todos os outros, continuou sendo desafiador para os captadores de recursos, mas pode-se verificar uma tendência nas empresas locais e globais em buscar projetos vinculados a grandes instituições fora do eixo Sul-Sudeste”, afirma Fagna Freitas, gestora de captação de recursos das Obras Sociais Irmã Dulce, da Bahia.

Embora algumas leis de incentivo, como a Rouanet, estejam estimulando investimentos, essa mudança ainda não se refletiu de forma significativa nos resultados. No entanto, já foi possível notar um aumento de até 30% no número de empresas e no valor aportado em projetos via FIA, Idoso, Pronon e Pronas/PCD.

Outro fator relevante é o crescimento no número de doadores pessoa física, que tem relação direta com o aprimoramento das estratégias de comunicação das organizações. “Acredito que isso tenha muito a ver com a melhoria na comunicação e no marketing de algumas instituições, como as Obras Sociais Irmã Dulce, quando do entendimento de que a melhor forma de vender os projetos é se comunicar melhor com o público doador”, aponta Fagna.

Além disso, ela observa um aumento na realização de parcerias estratégicas entre diferentes setores, fortalecendo o impacto e promovendo soluções conjuntas. “Outra tendência vista hoje é a realização de parcerias de forma estratégica com colaboração intersetorial, gerando engajamento do setor privado, apoiando políticas públicas através de acessos aos fundos públicos e formando alianças entre ONGs, o que gera fortalecimento e impacto por meio de iniciativas conjuntas”.

Crescimento da pauta socioambiental na captação

Tatiana Corrêa Leite, advogada e consultora, presidente da Rede Entre Nós e coordenadora do núcleo Distrito Federal da ABCR e do Dia Doar DF, destaca que as tendências da captação de recursos 2025 estão fortemente ligadas às questões socioambientais e às mudanças climáticas. “Haverá um aumento significativo de fontes de financiamento destinadas a essas áreas, que são transversais a setores já conhecidos, como saúde, educação, cultura e esporte”. Vale lembrar que este ano o Brasil receberá a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30.

Para os captadores de recursos, Tatiana recomenda um investimento maior em estratégias de storytelling, além do estudo aprofundado de políticas públicas relacionadas ao tema. “Dedicar tempo ao mapeamento de empresas que promovem a responsabilidade social e a sustentabilidade, além de acompanhar editais de investidores sociais privados, será essencial”.

Atualmente, as estratégias mais eficazes incluem:

• Investimento em storytelling para aproximar doadores.
• Estudo aprofundado de políticas públicas e incentivos fiscais.
• Mapeamento de empresas que promovem a sustentabilidade.
• Participação em campanhas comunitárias, como o Dia de Doar.

A captação de recursos com indivíduos também será impulsionada por narrativas mais envolventes. “Uma estratégia eficaz será compartilhar as histórias das pessoas beneficiadas pela causa, aproximando emocionalmente o potencial doador da organização”, ressalta. Além disso, Tatiana reforça a importância das campanhas comunitárias, como o Dia de Doar. “Engajar-se nessas campanhas pode ser uma excelente oportunidade de divulgar ações e projetos e ajudar a fortalecer a cultura da doação na sociedade. É possível participar das campanhas locais ou até criar uma campanha específica para sua instituição ou causa. 2025 promete!”.

Acesso à informação e capacitação

A diversidade de opções para captação ainda é um campo nebuloso para muitos, conforme aponta Larisa Hemkemeier Webber de Mello, da Sonata Projetos, em Santa Catarina. “O acesso à informação precisa ser aprimorado para que as possibilidades sejam conhecidas e divulgadas eficazmente. Nosso papel como captadores é não só buscar essas oportunidades, mas também promovê-las para que todos os envolvidos no ecossistema de captação possam se beneficiar”.

Além disso, a capacitação de profissionais continua sendo essencial para o desenvolvimento do setor. “A correta elaboração e desenvolvimento de projetos é essencial para aumentar as taxas de aprovação na região. Isso envolve tanto a esfera pública quanto a iniciativa privada, além de incentivos fiscais, que são fontes de recursos pouco exploradas”, destaca Larisa. 

Uso da tecnologia na captação

Thalita Salgado, diretora de captação de recursos da Anistia Internacional Brasil, destaca que as novas tecnologias serão aliadas importantes para a captação de recursos 2025. Entre as principais tendências, ela aponta:

• Uso do WhatsApp como ferramenta para conversão de doadores.
• Inteligência Artificial para otimizar processos de relacionamento.
• Jogos de realidade virtual, que ampliam o escopo de atuação da organização.

Thalita explica como os jogos podem ser uma ferramenta poderosa para mobilização de doadores. “Desenvolvimento de games, usando realidade virtual ou jogos mais simples, apresentando um problema, como a situação dos imigrantes ou de crianças que vivem em situações de conflitos, fazendo o jogador sentir mais de perto essa realidade e mobilizá-lo para a doação”.

Diversificação de fontes de financiamento

Para Rafael Vargas, administrador público e especialista em Terceiro Setor, de Rondônia, diversificação das fontes de financiamento é um desafio que precisa ser enfrentado. “A captação de recursos na Região Norte teve um leve crescimento nos últimos anos, mas não de forma significativa se comparada a outras regiões”, aponta.

Rafael destaca a necessidade de reduzir a dependência de recursos públicos, especialmente os provenientes de emendas parlamentares. “Nos últimos cinco anos, algumas organizações têm se estruturado para explorar novas possibilidades e ampliar suas fontes de financiamento, buscando parcerias mais robustas com o setor privado. No entanto, essa relação ainda é tímida, refletindo a falta de um histórico consolidado de colaboração entre empresas e OSCs na região. No que diz respeito a doações diretas de pessoas físicas, poucas instituições possuem procedimentos estabelecidos para essa captação, o que é fundamental para fortalecer a credibilidade e a sustentabilidade das organizações”.

“A principal tendência para a captação de recursos 2025 é o fortalecimento de parcerias com empresas que possuem uma estrutura de responsabilidade social corporativa, tanto as que já são locais quanto aquelas que estão se instalando na região. Essas parcerias representam uma significativa virada de chave, especialmente com a participação de grandes cooperativas de crédito, do setor alimentício e das mineradoras, contribuindo para o desenvolvimento local”, afirma Rafael.

Rafael destaca também que projetos que promovem o empoderamento comunitário e a inclusão social ganharão destaque, assim como iniciativas culturais que valorizam a diversidade étnica da região. Essas ações não apenas atendem às necessidades das comunidades, mas também fortalecem o vínculo entre as empresas e a população local, criando um ecossistema colaborativo para o desenvolvimento sustentável do Terceiro Setor.

Sua organização já está preparada para as tendências de captação de recursos 2025? Compartilhe sua opinião nos comentários ou envie este artigo para sua rede!

Texto publicado pela Captamos, editoria da ABCR de conteúdos aprofundados sobre mobilização de recursos para causas