Não é novidade que uma gestão transparente e bem executada confere credibilidade às instituições do terceiro setor — algo fundamental para conquistar novos apoiadores. Mesmo sabendo disso, algumas entidades não dão atenção devida a uma ferramenta-chave nesse processo: a contabilidade.
Na avaliação do sócio-diretor da assessoria contábil Quality Associados, Rogério Paganatto, a situação melhorou nos últimos dez anos, mas o segmento no Brasil ainda precisa “se profissionalizar mais nesse campo”. Na entrelinha, significa dizer que entregar a contabilidade de uma ONG a um amador pode custar caro — uma multa ou a perda de isenção e imunidade tributárias, por exemplo, tem potencial para comprometer seriamente a sustentabilidade de uma organização da sociedade civil.
Paganatto elencou quatro dicas que considera essenciais para que você não se enrosque com as contas da sua instituição e evite dor de cabeça. Confira!
Contrate um especialista
Parece uma recomendação óbvia, mas não é. Como o terceiro setor tem regras contábeis próprias, o profissional contratado para atuar na sua instituição precisa conhecê-las bem. O ideal é recorrer a um contador especializado na área, afirma Paganatto.
“Se a contabilidade não for feita como descrito na norma, estará em desacordo com a lei, o que pode gerar punições”, alerta.
Cheque as contas de cada projeto
Uma das particularidades do terceiro setor é que a contabilidade tem de ser feita também projeto a projeto. “Essa maneira é comparável com o setor imobiliário, em que o controle ocorre para cada prédio construído, com suas receitas e seus custos. Ou seja, o contador deve ser chamado para olhar cada iniciativa separadamente.
É um trabalho intenso”, diz o representante da Quality Associados.
Fique por dentro das regras
Uma ONG deixa de pagar imposto em dois casos: por imunidades estabelecidas na Constituição e por isenções previstas em leis infraconstitucionais. “Nesse último caso, estamos falando de tributos federais, estaduais e até municipais. Por isso, é importante que o contador conheça também as situações de isenção próprias do lugar onde está sediada a organização.”
Registre as doações
Isso é especialmente importante para as organizações que trabalham com muitos doadores e têm ticket médio baixo. “Tente sempre recorrer a maneiras de deixar a doação registrada, para que depois você possa documentar a entrada do recurso. Pagamento por boleto bancário ou depósito identificado são formas de fazer isso”, orienta.