Planejar e implementar planos (seja de captação de recursos ou qualquer outro) é uma tarefa humana e, como tal, depende de pessoas para que aconteça.
Nesses tempos de extremismos, venho descobrindo novos “tipos” no mundo do trabalho que têm me intrigado (e até me irritado um pouco) porque criam armadilhas para que bons planos sejam criados e implementados com eficiência.
Os tipos são caricatos e exagerados propositalmente para facilitar a compreensão.
De um lado, a figura do hippie da co-criação eterna. Preciso deixar claro que não tenho nada contra os hippies (até me acho um pouco) nem contra a co-criação, palavra reinventada no século XXI e que cai muito bem neste mundo interconectado contemporâneo. O problema é o exagero.
Imagine a cena num dia de reunião de planejamento: o dia começa com uma dança circular e um momento de conexão consigo mesmo e com o Universo. Em seguida, cada um conta como está se sentindo. Uma pessoa surta e começa a chorar. Outra embarca na viagem e desvia completamente do assunto em questão. Uma hora se passa na discussão. Nada mais importa, a não ser o processo da pessoa surtada. Não há liderança, porque a liderança tem que surgir naturalmente. Não há uma agenda pré- determinada para não atrapalhar o fluxo. Nessa toada, nada se produz, nada se discute de concreto, mas tudo bem… temos que respeitar os ritmos, saberes e sabores de cada um.
Confesso que me canso um pouco de tanta falta de estrutura e tanto “let it be”. O exagero desse movimento tem feito surgir uma geração de pessoas muito “moles”, que gostam de palpitar sobre tudo, mas têm pouco histórico de realizações concretas. Que ficam sempre esperando pela próxima roda, onde apenas nesse lugar eles se sentem seguros porque, afinal, “somos todos parte de um todo”.
Do outro lado, aparece o yuppie viciado em completar tarefas. Aquela figura que defende a meritocracia e tem certeza que sua vida é apenas resultado do esforço individual.
Ele(a) está sempre cobrando alguém, se gaba de ser o rei (ou a rainha) do follow-up. Tem aplicativos de TO DO LIST em seu IPhone e trabalha para estar bem no ranking desses aplicativos. Para ele(a), o que importa é cumprir com o seu plano diário. Seu sonho de dia realizado é conseguir “ticar” as tarefas previstas, sentindo até um certo tesão só de pensar nisso. Não importa tanto a conexão entre as tarefas, se elas não são tão importantes ou se, para cumprir com todas, ele tiver que “forçar um pouco a barra”.
Em geral, o yuppie viciado em completar tarefas pouco aprecia e aprofunda, não tem tempo para reflexão ou para aprender e compartilhar. Só o que importa é o “next step”. Também me canso dessas figuras (na verdade, me canso com elas). Parece que são muito motivadas e querem sempre se mostrar eficientes, mas para que mesmo? Aonde querem chegar? Por que estão fazendo isso?
Tanto o hippie da co-criação eterna quanto o yuppie viciado em completar tarefas podem se manifestar próximos de nós (ou até dentro de nós). Não se assuste. Procure identificar o exagero e caminhe para o equilíbrio. Talvez o equilíbrio esteja justamente em buscar as características do polo oposto.