Se há algo que as organizações da sociedade civil (OSCs) produzem aos montes são boas histórias. Mas não basta registrá-las na memória. É necessário divulgá-las. E é aí que entra o storytelling, técnica surgida no setor privado e que começa a ser adotada em prol de causas sociais.
“O storytelling nasceu com marcas que se esforçavam para criar uma história e engajar o consumidor. No terceiro setor, é o contrário. Há histórias prontas e maravilhosas, mas que precisam ser contadas”, diz Marcelo Douek, sócio-fundador da Social Docs, empresa especializada na elaboração de narrativas em vídeo para OSCs.
Como explica Douek, o objetivo é “tirar o néctar” dos fatos, criando uma narrativa capaz de conectar o potencial doador à causa da sua instituição. E como fazer isso? O especialista ensina: “Conte casos de transformação, pois é com isso que as pessoas vão se identificar.”
Importa menos, portanto, dizer como a mudança aconteceu, mas sim que ela aconteceu. “Pense no caso da educação. Há diversas metodologias, mas o que o doador quer saber é se o trabalho está funcionando. Para isso, você precisa conectá-lo ao beneficiário.”
A história, por sua vez, pode ser contada tanto em texto quanto em vídeo. “Caso seja escrita, é importante colocar imagens para ilustrar”, recomenda o sócio-fundador da Social Docs.
Os vídeos, argumenta, tendem a ter um impacto maior, ainda mais considerando que o Facebook costuma a dar mais visibilidade a esse tipo de mídia. O uso do audiovisual, por sua vez, demanda um cuidado maior com a escolha dos personagens.
“Tem de colocar pessoas que falem bem, que não vão travar se forem dar uma entrevista. A transformação que você vai mostrar tem de ser muito evidente”, afirma Douek.
Aos poucos
Como o objetivo do storytelling é engajar, a história não precisa necessariamente ser contada toda de uma vez, ou mesmo ter um final. “Uma ideia é dividir em vários e-mails, por exemplo, mantendo o interesse do espectador. Outra opção é contar até uma determinada parte e pedir aos possíveis doadores que ajudem a terminá-la.”
O especialista destaca um detalhe que não pode ser ignorado: pedir que a pessoa faça algo para sua organização. “Tem de ter um call to action claro.
Quem vê seu storytelling precisa saber o que fazer depois. Pode ser um pedido para doar, para assinar uma petição ou para fazer trabalho voluntário”, finaliza.