A sustentabilidade financeira é fundamental para que as organizações da sociedade civil possam cumprir sua missão. É importante aprender a diversificar as fontes de recursos e se preparar para imprevistos. Um bom planejamento de captação contém estratégias variadas, evitando que as organizações se tornem reféns de poucas fontes e tenham suas atividades prejudicadas ou até mesmo interrompidas.
Focar apenas em editais, leis de incentivo fiscal ou em recursos públicos pode não ser seguro para a sustentabilidade financeira. As organizações devem ficar atentas às novas tendências da área para encontrar novas oportunidades de arrecadação. Um exemplo é a ascensão dos NFTs (sigla em inglês para tokens não fungíveis).
De maneira simplificada, NFTs são ativos digitais únicos e não reproduzíveis que são verificados pela tecnologia de criptografia blockchain, oferecendo ao comprador um certificado de autenticidade e propriedade sobre eles. Esses ativos são comercializados e representam possibilidades infinitas como obras de arte, músicas, selfies, vídeos, tweets e até mesmo memes. Cada NFT é único e não existe fora do mundo virtual. É, literalmente, um token que só existe online.
Os NFTs existem desde 2014, mas sua popularização ocorreu em 2021. Segundo o Dapp Industry Report, as negociações dos ativos geraram US$ 23 bilhões em 2021, sendo que o mercado das artes digitais movimenta cifras milionárias. Uma coleção de NFTs do artista Beeple arrecadou US$ 69,3 milhões na famosa casa de leilões Christie’s, localizada no Reino Unido. A expectativa é que estes números aumentem à medida que diminuem temores sobre a efemeridade dessa tecnologia.
NFT e causas sociais
A venda das NFTs pode contribuir muito com as causas sociais. Patrocinadora do Festival ABCR, a fintech de doações Doare, por exemplo, apresentou o “Impact Women Charity NFT”, primeiro leilão beneficente do Brasil no metaverso. Os recursos arrecadados auxiliarão organizações filantrópicas que defendem os direitos das mulheres. A premiada artista Manu Cunhas criou 20 obras de arte que retratam mulheres marcantes da história como Marielle Franco, Lélia Gonzales, Anita Garibaldi, Frida Khalo e Joana d’Arc.
No total, dez obras foram ofertadas por 0.15 ETH (equivalente a R$ 2.182,00) como lance inicial e as outras dez possuem preços fixos de 0,05 ETH (R$ 727,00) para tornar a aquisição mais democrática. Os recursos arrecadados serão revertidos para o Instituto Marielle Franco, Casa 1, CUFA Mães da Favela, entre outros projetos.
Alinhamento com o propósito
Embora o uso de NFTs seja promissor para arrecadar recursos, é preciso verificar se a ferramenta está alinhada à organização e ao seu público-alvo. Ruy Fortini, CEO e fundador da Doare, diz que o sucesso das NFTs depende do perfil de cada organização. “É preciso ter familiaridade com a tecnologia. A audiência de potenciais doadores deve ter um acesso maior à tecnologia. É importante ter uma quantidade mínima de potenciais doadores para captar no metaverso. Quando você faz uma ação no metaverso e já tem uma comunidade engajada, é muito mais fácil do que lançar um projeto e criar uma comunidade em torno dele”, esclarece.
Fortini acredita que as NFTs são mais do que uma promessa e que devem continuar gerando impactos positivos. “Com o surgimento das novas tecnologias, existe um ceticismo de que elas não vieram para ficar, assim como houve com o celular e a internet. Existe o medo de que o metaverso e a realidade virtual irão substituir nossa experiência na vida real. A tecnologia veio para ficar, conseguimos utilizá-la para melhorar o mundo digital, inclusive para promover transformações positivas no mundo real”, finaliza.
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