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Criptomoedas são indicadas para OSCs familiarizadas com universo digital e captação estrangeira

Imagine receber doações de todo o mundo rapidamente e sem intermédio de nenhuma instituição financeira. Isto é possível com as criptomoedas, que são moedas digitais que utilizam a criptografia para realizar e rastrear transações. Ao contrário das moedas tradicionais, estes ativos não dependem de instituições reguladoras como bancos e podem ser usados para as mesmas finalidades do dinheiro físico. As transações com criptomoedas são feitas graças ao blockchain, uma espécie de banco de dados que armazena operações com criptomoedas. 

Embora existam diversos tipos de criptomoedas, o mais popular é o bitcoin, primeira moeda digital do mundo. Criado em 2008, o bitcoin tem ganhado uma popularidade crescente e se tornado mais uma fonte de arrecadação para organizações sociais antenadas com novas tecnologias. As criptomoedas podem ser usadas como uma forma de pagamento para as OSCs, assim como é possível contribuir com boleto, cartão, pix, entre outras maneiras.  Assim, as organizações podem receber doações diretamente por criptomoedas ou através de ativos digitais como NFTs (sigla em inglês para tokens não fungíveis). 

De maneira simplificada, NFTs são ativos digitais únicos e não reproduzíveis que são verificados pela tecnologia de criptografia blockchain, oferecendo ao comprador um certificado de autenticidade e propriedade sobre eles. Esses ativos são comercializados e representam possibilidades infinitas como obras de arte, músicas, selfies, vídeos, tweets e até mesmo memes. Cada NFT é único e não existe fora do mundo virtual. É, literalmente, um token que só existe online.  

Possibilidade de ampliar alcance da instituição

“A primeira grande vantagem da criptomoeda é a questão da transação, especialmente para operações internacionais. Se uma organização filantrópica recebe uma doação internacional, esse processo pode ser burocrático. Com a cripto, a operação fica rápida e com taxas baixíssimas. A volatilidade é uma desvantagem, mas também pode ser vantajosa. Quem recebeu criptomoeda há cinco anos ganhou mais dinheiro porque houve muita valorização. Ainda que o mercado esteja em baixa atualmente, talvez quem receba uma criptomoeda hoje possa ter um ganho se houver uma recuperação”, frisa Ruy Fortini, CEO e fundador da Doare.

Como as organizações estão sempre em busca de novas oportunidades de captação, as criptomoedas se somam às fontes de financiamento. Quanto mais diversificada for a captação, mais chances de assegurar a continuidade das instituições. As criptomoedas também trazem novos doadores, que são entusiastas de moedas digitais, e ampliam o alcance do Terceiro Setor. 

Bagagem na área digital e em captação internacional 

De acordo com Ruy, o uso de criptomoedas não é indicado para todas as organizações. O ideal é que as instituições tenham familiaridade com o universo digital e experiência com captação on-line e captações internacionais com doadores estrangeiros. Como as criptomoedas permitem doações de todo o mundo, é fundamental que as instituições estejam preparadas para recebê-las, o que não é o caso de uma organização iniciante ou de pequeno porte que nunca tenha feito captações internacionais. “Vejo que acontece um movimento muito incipiente em relação a isso no Brasil. Algumas ONGs nos procuram porque recebem contatos de doadores estrangeiros que querem fazer doações com criptomoedas e elas precisam saber como fazer isso”.

Além de terem uma bagagem mais consolidada na área digital e de captação, o primeiro passo para ingressar no setor é procurar corretoras brasileiras ou internacionais para compreender o funcionamento de uma carteira de criptomoedas. “O segundo passo é fazer uma prospecção direcionada a potenciais investidores de criptomoedas que sejam atrativos para doações. Uma opção é criar uma página de doação e inserir as moedas digitais como mais uma opção de pagamento, outra é se envolver em projetos de NFTs”, explica Ruy. 

Um case nacional de NFTs que teve destaque foi o da Moss, startup de venda de créditos de carbono. Ela arrecadou milhões de reais com uma série de NFTs chamados “NFT da Amazônia” para que pessoas interessadas contribuam com a preservação da floresta amazônica. Cada pessoa que compra um NFT recebe um certificado de propriedade digital criptografado, que atesta a autenticidade das áreas florestais e permite a governança sobre a região, representando seus respectivos direitos e permitindo o monitoramento digital desta parte no projeto de preservação.

Casos como esse têm crescido em vários países e mostrado que a doação por criptomoedas é uma tendência mundial e possui um grande potencial de crescimento ao trazer criatividade, agilidade e desburocratização para a captação de recursos.

Quer conhecer outros exemplos de uso de NFTs na captação? Leia nossa matéria sobre o tema

Texto publicado pela Captamos, editoria da ABCR de conteúdos aprofundados sobre mobilização de recursos para causas

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