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5 mitos e verdades sobre captação com eventos

Eventos são uma estratégia amplamente usada por organizações da sociedade civil (OSCs) para captar recursos, mas também são cercados de dúvidas e ideias equivocadas. Regina Helou, especialista com 25 anos de experiência em eventos no Terceiro Setor, abordou os principais mitos e verdades sobre o tema em sua palestra no 4º Encontro de Comunicação e Captação de Recursos, promovido pela ABCR em parceria com a Rede Filantropia e a Escola Aberta do Terceiro Setor. Aqui compilado das recomendações de Regina para esclarecer e desmistificar crenças comuns.

Mito 1: Eventos podem salvar as contas da OSC rapidamente

Um dos equívocos mais comuns é acreditar que um evento, organizado em curto prazo, será suficiente para resolver problemas financeiros da organização. “Sem planejamento, sem estratégia, não tem evento de captação. Não pensem que é possível criar um evento em três meses e pagar todas as contas. Isso não existe. Evento não é o salvador da pátria!”, disse Regina. 

A especialista explicou que eventos demandam planejamento detalhado, incluindo estratégias para captar parceiros, definir o público-alvo e alinhar expectativas. “O evento pode sim pagar as contas, mas ele é uma construção. Não é do dia para a noite que isso acontece. Planeje, monte uma estratégia e saiba para onde vai cada recurso”. 

Verdade: Eventos podem gerar recursos, mas requerem tempo, organização e uma visão de longo prazo.

Mito 2: O evento só é bem-sucedido se faturar milhões

Outro mito desmistificado por Regina é a ideia de que eventos precisam arrecadar grandes quantias para serem considerados positivos. “Todo mundo acha que tem que mostrar cifras milionárias, como vemos em reportagens. Quantos milionários existem no Brasil? Quantos vocês vão conseguir levar para os seus eventos? É um mito achar que um evento só é bom se faturar milhões”.

Regina destacou a importância de construir uma identidade sólida para o evento. “O faturamento é uma construção. Não acontece do dia para a noite. É mais importante criar um evento que reflita sua causa e engaje os doadores, mesmo que o retorno financeiro venha a médio ou longo prazo”.  Ela citou o exemplo do Fundo Agbara, que realiza eventos alinhados com a causa de mulheres negras, priorizando relacionamento e identidade. “A Aline Odara, do Fundo Agbara, construiu eventos que não eram sobre faturar milhões, mas sobre reforçar sua missão. Esse é o ponto central”.

Verdade: Eventos devem ser avaliados pelo impacto e pelo fortalecimento da relação com doadores, não apenas pelo valor arrecadado.

Mito 3: Só grandes eventos de gala com celebridades funcionam

Muitos acreditam que apenas eventos de gala, com a presença de celebridades, são capazes de atrair recursos significativos. Regina, entretanto, defendeu a personalização dos eventos. “Não precisamos copiar o modelo americano de galas com black tie e grandes leilões. O Brasil tem outra cultura de doação. Aqui, podemos criar experiências autênticas e verdadeiras que conectem nossos doadores à causa”.

Regina também reforçou que a presença de celebridades pode ser substituída por embaixadores locais ou parceiros relevantes. “Se você tem um jogador famoso na sua região ou um embaixador local, aproveite. Mas não dependa disso. Eventos podem ser encantadores sem grandes nomes”.

Verdade: A criatividade e a identidade do evento são mais importantes do que a presença de figuras famosas ou formatos luxuosos.

Mito 4: Apenas eventos sociais, como jantares e almoços, são lucrativos

Regina destacou a necessidade de diversificar os formatos dos eventos, adaptando-os à causa e ao público da organização. “Por que não fazer eventos esportivos, culturais ou voltados para crianças? Se sua causa tem ligação com esporte, organize uma caminhada ou um torneio. Se é sobre alimentação, que tal um festival de comida orgânica? O importante é criar algo que faça sentido para sua organização”. 

É preciso construir experiências que sejam memoráveis e envolventes. “Eventos precisam ter verdade. A mensagem que você passa para o doador tem que ser genuína. Isso cria aliados para a sua causa, não apenas doadores pontuais”.

Verdade: Eventos podem assumir diversos formatos e ainda serem eficazes, desde que estejam alinhados com os valores da organização.

Mito 5: Bingos e feijoadas não têm mais relevância

Eventos tradicionais, como bingos e feijoadas, continuam sendo opções viáveis, especialmente para organizações menores ou em comunidades locais. Regina defendeu a importância desses eventos na construção de relacionamentos. “Não é só sobre o lucro financeiro. É o lucro do relacionamento, da experiência e do engajamento com os doadores”.

Ela lembrou que eventos filantrópicos no Brasil nasceram em comunidades, com festas simples. “As quermesses e feijoadas começaram com as igrejas e continuam até hoje. Elas ainda têm o poder de reunir pessoas e fortalecer vínculos com a causa”. 

Verdade: Mesmo eventos pequenos podem gerar resultados significativos, especialmente em termos de engajamento e relacionamento com os apoiadores.

Para concluir, Regina Helou deixou uma recomendação. “Eventos não são apenas sobre pedir. São sobre encantar. Mostrem sua causa com amor, contem suas histórias de forma agradável e criem experiências verdadeiras. Quando o evento é genuíno, o doador sente isso e se engaja”. A chave para o sucesso está no planejamento, na autenticidade e na criação de momentos memoráveis para os doadores. 

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