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Desafios e caminhos da captação de recursos na saúde

Desde março de 2020 o setor de saúde no Brasil enfrenta um de seus maiores desafios. A urgência da captação de recursos para instituições e organizações que atuam na promoção da saúde ficou ainda mais latente e trouxe novos olhares para as estratégias adotadas por captadores de todo o país. As respostas para a crise e os caminhos a serem trilhados nos próximos anos foram tema de uma live realizada pela ABCR com profissionais especializados em captação de recursos na saúde. O encontro fez parte do Pré-Festival ABCR 2021 – Captando para Causas -, evento dedicado à troca de experiências e insights. Confira os destaques e as dicas

 

Diversificação de canais

Danielle Ferreira é gerente de Mobilização de Recursos no Hospital Baleia (Minas Gerais), instituição que tem mais de 77 anos, possui mais de 30 especialidades e atende 88% dos municípios mineiros. A captadora conta que há um grande desafio de complementar a arrecadação via Sistema Único de Saúde (SUS). “Uma diária de Centro de Terapia Intensiva (CTI), por exemplo, custa R$ 1.800,00 e a gente recebe cerca de R$ 700,00”.

A estratégia para vencer esse desafio foi mostrar para a sociedade a importância do apoio e diversificar os canais de captação. “Estamos profissionalizando a gestão de projetos e investindo em editais. Além disso, estruturamos canais específicos de boleto, profissionalizamos a recorrência por meio de ferramentas de cobrança online, criamos uma ferramenta de crowdfunding e lançamos desafios para causas pontuais. A gente ainda tem uma frente muito forte de eventos”, detalha Danielle.

Por meio do projeto “Doe Seu Troco”, realizado em parceria com drogarias e supermercados, o hospital já captou mais de R$ 45 milhões. Em telemarketing, possui 80 operadores e conseguiram fechar o ano de 2020 com mais de R$ 30 milhões de recursos captados. “Tendo tudo planejado, sistematizado e pessoas dedicadas a essa finalidade, há quem esteja disposto a doar. É claro que a marca é importante, mas é preciso ter credibilidade”, afirma a captadora.

Campanhas e parcerias estratégicas

 Profissional da captação de recursos no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, Eduardo Filho destaca que ações coordenadas com os governos estadual e municipal, além de veículos de comunicação, foi possível abrir mais leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Em apenas 15 dias, a instituição de saúde conseguiu arrecadar R$ 15 milhões em doações para abrir 11 leitos de UTI.

“Nesse período de pandemia, todos os insumos hospitalares, principalmente máscara, álcool em gel e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) tiveram aumento no preço. Em uma máscara, que nós pagávamos R$ 0,35, chegamos a pagar R$ 3,00. Fora que a quantidade, devido ao processo pandêmico, aumentou. Nós usávamos 50 mil máscaras por mês e passamos a usar 100 mil. Isso, lógico, aumenta o custo para o hospital. Nesse sentido, a sociedade civil e o empresariado tem ajudado bastante”, explica Eduardo Filho.

Eventos

A realização de eventos também se mostra uma grande oportunidade para se aproximar da sociedade e captar recursos. É a opinião da gerente de eventos da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, Fagna Freitas, que foi vice-presidente da ABCR entre 2012 e 2015. A gerência de eventos é uma unidade de negócios da Santa Casa da Bahia para sustentar escolas infantis mantidas pela entidade em Salvador. Atua com locação de espaço para eventos e produção de eventos próprios. “2020 foi um ano muito difícil para captação, mas abriu novos leques e a oportunidade de várias pessoas que não enxergavam nosso trabalho passarem a ser doadores”, diz. “A pandemia é ruim, mas não fechou as portas para a captação. Depende muito da forma como você passou a pedir, dar conhecimento e fazer entender a necessidade em relação à doação”.

O futuro da captação de recursos na saúde

Com a pandemia, foi possível enxergar que o universo da captação de recursos tem uma multiplicidade de oportunidades, como as já mencionadas parcerias com empresas e órgãos públicos, troco solidário, eventos, editais, emendas parlamentares, entre outras. Fagna Freitas recomenda ficar de olho em fundos destinados a públicos específicos como idosos, crianças e adolescentes. Ela dá como exemplo a experiência positiva na Santa Casa da Bahia. “Eu capto pelo Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente para compra de ventiladores mecânicos na UT. São muitas as possibilidades porque todos os públicos estão dentro da saúde”.

Para Danielle Ferreira, a captação não pode ficar 100% dependente do SUS e de doações, tem que buscar novos negócios. Pensando nisso, o Hospital da Baleia tem hoje um modelo de consultas a preços populares. É uma forma de captar recursos e atender uma demanda de pessoas que estão na fila do SUS e não têm condições de pagar por atendimentos particulares convencionais. “A gente consegue atender a um preço popular e dividir em dez vezes”, complementa.

Pré-Festival ABCR

Durante sete semanas, o Pré-Festival ABCR promoveu debates gratuitos e online que abordaram a captação de recursos a partir da ótica de quem está mobilizando para causas específicas, como saúde, educação, direitos humanos e proteção animal. As gravações estão disponíveis no Youtube.

As lives fazem parte das atividades que antecedem o Festival ABCR 2021, maior evento de captação da América Latina, marcado para os dias 28 a 30 de junho. As inscrições estão abertas e os associados têm 20% de desconto. Confira a programação completa em festivalabcr.org.br

 

 

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